02/05/2015 21:14
Mobilidade e baixo custo de manutenção vêm atraindo mais empreendedores para este ramo gastronômico, em alta no Recife
Os food trucks estão conquistando o paladar dos amantes da boa gastronomia e os olhares dos empreendedores. Na ponta do lápis, ter um negócio sem pagamento de aluguel comercial, de condomínio e de custos trabalhistas, além de ser mais acessível para quem tem pouco dinheiro para investir, aumenta a lucratividade e reduz os riscos de perda, caso o negócio não dê certo. A garantia de mobilidade e a possibilidade de estar perto do cliente também têm sido citadas como vantagens dessa nova modalidade de consumir gastronomia. Quem já apostou, não pensa em trocar de estrutura.
A possibilidade de empreender num modelo diferente e a baixo custo, com contato direto com o público, sem a necessidade de adquirir ponto comercial e ter outros encargos tributários e financeiros foi o que fez o olho do administrador Bruno Siqueira brilhar ao conhecer o modelo de negócio dos foods trucks. Já tive um ponto comercial tradicional. Pagava alto aluguel, condomínio e outros custos fixos que minavam meu lucro. Então eu e minha esposa começamos a procurar uma forma de empreender que fosse menos onerosa, conta Siqueira.
Foi assim que surgiu o Goodogz, que hoje funciona em Piedade e Boa Viagem. Segundo seu proprietário, os custos com o truck passam pelo IPVA do veículo e o diesel, além de um aluguel de um kitnet (usado como estoque e para o preparo das comidas) e os custos de manutenção do carro. O que gastamos com diesel é bem considerável, já que somos itinerantes. Mas o aluguel de um kitnet não se compara ao valor de um imóvel comercial. Também não temos custo com energia elétrica, já que todo o funcionamento do food truck é através de bateria e gás, compara Bruno. No caso das cidades que possuem áreas privadas específicas para os veículos, o proprietário do food truck também precisa desembolsar o valor do aluguel do terreno, que geralmente é compartilhado com outros comerciantes.
Com a economia dos gastos, a Goodogz, que completou três meses de funcionamento este mês, conseguiu reduzir em pelo menos um terço os custos da empresa.
Para abrir um food truck, o capital inicial também é bem mais em conta. Em geral, varia entre R$ 50 mil a R$ 150 mil. Mas há como montar negócios mais modestos, que não seriam possíveis em pontos fixos de gastronomia. A fotógrafa Ena Grimaldi mudou de ramo para investir em comércio itinerante de alimentos. Para montar o Naturdela, ainda a ser inaugurado, ela e a sua sócia aplicaram cerca de R$ 25 mil e têm um nicho de mercado mais diferenciado: pessoas que tenham interesse em alimentação saudável.
Atenção para as licenças
Apesar de custos menores, se comparados a pontos fixos tradicionais de gastronomia, é necessário que o empreendedor fique legal com suas obrigações. Além de constituir empresa, o analista do Sebrae, Danilo Lopez, lembra que é imprescindível obter concessão da prefeitura, da vigilância sanitária, do Detran e do Corpo de Bombeiros. Ainda não existe legislação específica para esse setor. Então, as obrigatoriedades são adaptadas dos tradicionais, afirma Lopez.
De acordo com o Sebrae, no Brasil apenas dois estados Rio de Janeiro e São Paulo estão em fase de implantação de legislação específica para o funcionamento da cozinha sobre rodas. O documento trata sobre demarcação das condições de uso dos equipamentos, a necessidade do termo de permissão de uso, as obrigações dos permissionários e a exigência de seguir as legislações sanitárias existentes, como a necessidade de contratar empresa que faça o correto descarte de resíduos sólidos. No Recife, empresários de foods trucks e foods bikes estão se mobilizando para criar uma associação e agilizar o pedido de regulamentação do setor.
O consultor tributário da Contti Contabilidade e Auditoria, Jadir Rocha, lembra que os food trucks têm o risco baixo de investimento, mais possibilidade de gerar receita, sobretudo pelo não pagamento do espaço geográfico, pela flexibilidade de horário de funcionamento e pela possibilidade de ir atrás de seu cliente.
Diário de Pernambuco on-line – PE
