Empresário mais rico do Brasil já adquiriu duas escolas no Rio e quer ampliar rede de ensino
Colégio paulistano e investidores confirmam negociação, mas diretor do Bandeirantes afirma que ele é “invendável”
MARIANA BARBOSA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Nem hambúrguer, nem ketchup. O megainvestidor brasileiro Jorge Paulo Lemann quer agora comprar o tradicional colégio paulistano Bandeirantes.
Fundado em 1944 e com cerca de 2.700 alunos de ensino fundamental e médio, o Bandeirantes se destaca por estimular a competição entre alunos e premiar a meritocracia –pontos que convergem com a filosofia de Lemann no mundo dos negócios.
Ao lado dos sócios no 3G Capital Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, Lemann é mais conhecido pela construção do império de cervejas AB Inbev e as aquisições da Heinz, do Burger King e da Kraft Foods. Mas o grande sonho do empresário mais rico do Brasil é fazer a diferença na educação do país.
Por meio do fundo de venture capital para a áreas de educação Gera Ventures, o empresário já adquiriu duas escolas no Rio de Janeiro: Elite e Ponto de Encontro. As escolas deram origem a uma holding chamada Eleva, e novas escolas estão na mira.
O modelo de negócios consiste na compra de 100% das ações, para que o grupo possa imprimir modelo de gestão e sistema educacional próprios, com base nos princípios de excelência e melhores práticas internacionais.
O Bandeirantes admitiu ter sido procurado pelo Gera Ventures, mas disse que não está à venda. “Todos esses grupos vivem atrás da gente”, disse o diretor-presidente do Bandeirantes, Mauro de Salles Aguiar. “Mas o Bandeirantes é invendável.”
Por meio de sua assessoria, o Gera Ventures negou que esteja “fechando a compra da escola”, mas admitiu que já houve conversas.
LEGADO
Lemann começou a imprimir sua marca na educação há pouco mais de duas décadas, ao oferecer bolsas de estudos para estudantes brasileiros em Harvard, por meio da Fundação Estudar.
Criada há 23 anos, a fundação já financiou estudos de quase 600 jovens em diferentes universidades, no exterior e também no Brasil.
Já por meio da Fundação Lemann, o empresário estuda, experimenta e fomenta iniciativas e tecnologias que contribuem para melhorar a qualidade da educação básica de massa no país.
O Gera Venture é a sua iniciativa mais recente na área de educação e a única com fins lucrativos. O lucro é revertido para financiar as outras iniciativas na área. O Gera também investe em empresas nascentes na área de tecnologia ligada à educação.
Desde 2011, o fundo já investiu, como minoritário, em seis start-ups: Geekie, Rota dos Concursos, Starline, MindLab, Kaltura e Mangahigh.
O Bandeirantes foi classificado em 21º lugar no ranking do Enem mais recente. Considerando o ranking dos 30 melhores alunos de cada escola participante do Enem, ficou em segundo lugar. Tido como forte em exatas, tem investido para atrair também alunos das áreas de humanas.
A escola também estimula alunos a se inscrever para universidades de excelência no exterior, como Stanford, Princeton, Oxford, IMI e MIT.
Uma das medidas mais controversas do Bandeirantes é a separação das classes por nota, estimulando a competição. Entre os ex-alunos destacam-se o ex-governador Mário Covas (1930-2001), o prefeito Fernando Haddad e o cientista Miguel Nicolelis.
Folha de S. Paulo – SP