Família fundadora e BTG Pactual seguirão acionistas da empresa, mas deterão uma participação menor
Fundo americano, dono da Tok & Stok, injetará R$ 1,75 bilhão na companhia e passará a deter 8,3% das ações
RENATA AGOSTINI
DE SÃO PAULO
O fundo norte-americano Carlyle anunciou nesta segunda-feira (27) que será sócio da Rede D’Or São Luiz, a principal rede de hospitais privados do país. Com o acordo, o fundo injetará R$ 1,75 bilhão na empresa e passará a deter 8,3% das ações, segundo apurou a Folha (o valor do negócio não foi revelado).
A operação será feita por meio de um aumento de capital na companhia. Ou seja, com a aplicação dos recursos, os atuais sócios permanecerão no negócio, mas terão sua participação diluída.
A família Moll, que fundou a empresa na década de 1970, terá agora cerca de 68% do negócio, ante cerca de 74% detidos anteriormente.
Já o BTG Pactual, que se associou à rede em 2010, reduzirá sua fatia na empresa de 25,6% para 23,6%.
MUDANÇA NA REGRA
A operação, antecipada pela Folha em janeiro, foi possível graças à decisão do governo de liberar a partir deste ano a entrada de capital estrangeiro em hospitais e clínicas do país –até o ano passado, isso era permitido só no caso de planos de saúde.
É a primeira compra do Carlyle no Brasil desde 2012, quando desembolsou cerca de R$ 700 milhões para adquirir o controle da rede de móveis Tok & Stok, uma das maiores varejistas do país.
Desde então, o fundo buscava novas oportunidades no mercado brasileiro, mas o alto valor pedido pelos vendedores vinha inviabilizando as operações.
No caso da Rede D’Or, o fundo obteve exclusividade nas negociações, o que permitiu a compra, segundo o relato de executivos que participaram das conversas.
Fundada em 1977, a rede D’Or possui atualmente 29 hospitais (entre próprios e administrados) e 30 clínicas de oncologia nos Estados de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Pernambuco e no Distrito Federal. O grupo tem 33 mil empregados e 85 mil médicos credenciados.
Na avaliação do Carlyle, o setor médico e hospitalar será um dos poucos a conseguir crescer no período de crise. A expectativa dos economistas é que haja recessão na economia brasileira neste ano.
As conversas vinham ocorrendo havia meses e foram facilitadas pelo bom relacionamento do presidente-executivo da Rede D’Or, Heráclito Brito, com os investidores do Carlyle. Antes de assumir a empresa, em 2013, em substituição ao fundador, Jorge Moll, Brito fora presidente da Qualicorp, companhia da qual o Carlyle se tornou sócio, em 2010.
NOVA ONDA
A operação pode marcar uma nova onda de aquisições no setor de hospitais privados, que reúne quase 4.000 instituições e movimenta cerca de R$ 100 bilhões em receitas ao ano.
O setor vinha sendo cobiçado por investidores estrangeiros, mas a legislação era uma barreira. Em 2012, a gigante americana United Health investiu R$ 6,5 bilhões para controlar a empresa de planos de saúde Amil.
Folha de S. Paulo – SP