20/03/2015 05:00
Por Felipe Marques
A gigante chinesa de comércio eletrônico AliExpress descobriu que, além de um comprador fervoroso de bugigangas “made in China”, o brasileiro adora um cartão. Tanto que decidiu emprestar sua marca para um produto pré-pago lançado no Brasil, feito para compras online. O cartão é emitido pela Agilitas, uma das principais administradoras de pré-pagos do país, e tem a bandeira Visa, viabilizando compras no exterior. Essa é primeira vez que a empresa chinesa tem um cartão em parceria com um emissor em outro país. Segundo Joe Yan, diretor de operações globais da Ali, o objetivo é dar mais uma alternativa de pagamento para o cliente que não tem cartão internacional ou conta em banco, e que hoje recorre ao boleto. É o caso das “pink girls”.
Esse é o apelido que a Visa deu a garotas entre 15 e 25 anos sem conta em banco que são compradoras assíduas dos sites chineses. A lista de compras delas é encabeçada pelas capinhas de celular chegam a ser dez em uma tacada só. “É um público que quer comprar fora, mas não pode viajar”, diz Percival Jatobá, vice-presidente sênior da Visa. A expectativa da Agilitas é emitir no primeiro ano da parceria 50 mil cartões. “O objetivo é pegar o cliente que hoje paga com boleto e que não tem um cartão de crédito”, diz Roger Ades, presidente da companhia.
Ele admite, porém, que o dólar nas alturas atrapalha o produto. “Não é um lançamento pensando no curto prazo. Estamos conversando com outros lojistas para produtos parecidos.” Segundo a eBit , quatro em cada dez brasileiros fizeram uma compra em site internacional no último ano, sendo o AliExpress o mais utilizado. O pagamento das compras internacionais é feito, em sua maioria, com cartão de crédito (54%), com o boleto bancário respondendo por outros 20%. O filão do comércio eletrônico em cartões pré-pagos no Brasil já é explorado pela Super, que emite cartões desse tipo desde 2013, com bandeira MasterCard. Na empresa, metade das transações com prépago é feita na internet. Das compras online, 40% são feitas em sites internacionais, afirma Luiz Almeida, vicepresidente da companhia. “Não temos visto agora uma substituição do boleto. Quem usa o prépago na internet já tem cartão de crédito, mas ou está sem limite ou acha que o site não é confiável.”
Do ponto de vista do varejo, embora o pagamento com boleto não esteja sujeito às taxas de receber com cartão, há o risco de o cliente emitir um boleto, o varejista separar a mercadoria e o cliente desistir da compra. É um processo oneroso para estoques. No prépago, o pagamento é na hora, como no cartão de débito. Na visão de Jatobá, enquanto compras tradicionais em cartões de crédito e débito tendem a crescer em ritmo menor nos próximos anos, o comércio eletrônico deve avançar mais forte. Em 2014, o ecommerce movimentou R$ 35,8 bilhões, com avanço de 24%. O cartão pré-pago respondeu por apenas 3% dos gastos no exterior. Em agosto de 2013 chegou a responder por 16% dos gastos, segundo o Banco Central. A queda veio com o aumento do IOF no pré-pago em dezembro de 2013, para 6,38%.
Valor Econômico – SP