19/03/2015 às 05h00
Por Carolina Mandl e João Luiz Rosa | De São Paulo
Boa parte da pessoas ainda tem medo de dar o número de seu cartão de crédito para fazer compras na internet. Mas e se fosse possível criar cartões virtuais, com limites de valores, datas de vencimento e prazos de validade definidos pelo próprio usuário? Esse é um dos serviços que o Banco do Brasil planeja lançar em breve. Com base no limite de seu cartão real, o cliente poderá gerar versões virtuais, com números diferentes. Se quiser, poderá estabelecer que o cartão tenha validade para uma única compra. Assim, mesmo que o número seja interceptado indevidamente, o criminoso não terá acesso a seu limite real ou a dados confidenciais, explica Geraldo Dezena, vicepresidente de tecnologia do BB. “O grande foco da inovação, hoje, está no cliente, na criação de serviços que proporcionem uma experiência melhor”, afirma o executivo. O BB desenvolveu um serviço de saque móvel, pelo qual o cliente pode retirar dinheiro em terminais de autoatendimento só com o telefone, sem precisar carregar o cartão. Há outros lançamentos à vista, como o de uma carteira virtual. Por meio de um aplicativo, os usuários poderão pagar compras em máquinas da Cielo, também sem a necessidade do cartão físico. Até a contratação de financiamento de veículos pelo celular está prevista. Uma ferramenta de georreferenciamento vai permitir ao Banco do Brasil enviar uma proposta de crédito ao cliente assim que ele entrar em uma concessionária. Para isso, será preciso que o correntista autorize o banco a localizálo pelo celular. “Será possível comprar um veículo só com o telefone”, afirma Raul Francisco Moreira, recémempossado na vicepresidência de negócios de varejo do banco. Até a nota fiscal do automóvel será enviada pelo celular. Depois da automatização das agências, a nova fronteira para a tecnologia bancária é o telefone celular. “Essa será a grande arena de guerra”, diz Moreira, que até o mês passado era responsável pela diretoria de cartões. Uma de suas principais funções no novo cargo será mostrar a face digital da instituição. Hoje 52,7% das transações do BB são feitas pelo computador ou pelo celular dos correntistas. Outras 26,2% são fechadas nos caixas eletrônicos, enquanto 17,1% permanecem nas agências. Pesquisas feitas pelo banco mostram, no entanto, que o correntista não tem a percepção de que o banco já tem uma plataforma digital. Em abril, o BB planeja lançar uma campanha publicitária para mostrar as ferramentas de internet e celular que já oferece e as que serão lançadas. As mensagens começam a ser veiculadas até o fim do ano. “É preciso levar a modernidade para a marca do BB”, afirma Moreira. Outras instituições financeiras estão atentas ao celular. Até agora, nenhum fenômeno teve uma abrangência tão grande quanto a mobilidade, tanto em números absolutos como em ritmo de crescimento, diz Maurício Minas, vicepresidente do Bradesco. É por isso que os novos meios de pagamento, como as carteiras virtuais, têm recebido investimentos tão fortes, afirma o executivo. À medida que esses esforços avançam, diminui a relevância das agências. Poucas coisas, hoje, exigem que o usuário vá até uma agência bancária, caso do depósito de cheques, mas é uma questão de tempo para isso mudar. O Bradesco já lançou um serviço pelo qual o cliente pode depositar cheques sem se deslocar até uma agência. O Banco do Brasil prepara um sistema semelhante. O ponto de partida está na câmera dos smartphones, cuja resolução é cada vez melhor. O usuário tira uma foto da frente e do verso do cheque. Depois, por meio de um aplicativo, digita o valor depositado e confirma a transação com alguns cliques. “Imagine a facilidade para um pequeno comerciante que, hoje, precisa carregar os cheques dos clientes todos os dias até o banco”, afirma Dezena. O sistema de compensação eletrônico ajuda a coibir fraudes. Depois que faz o depósito por celular, a pessoa não consegue depositar o mesmo cheque na agência por exemplo, explica o executivo. O cheque automaticamente perde o valor e permanece nas mãos de quem o recebeu, na figura de fiel depositário.
Valor Econômico – SP