27/02/2015 às 05h00
Por Adriana Mattos | De São Paulo
Maior grupo varejista de farmácias do país, a Raia Drogasil fechou no ano passado o ciclo de integração de suas duas redes com crescimento em receita, melhora na rentabilidade, queda na relação entre receita e despesas e ganhos na margem de lucro. Custos se mantiveram sobre controle mesmo após acelerada abertura de lojas 131 inaugurações em 2014 (a meta para 2015 é manter esse patamar). Os números foram publicados ontem, no relatório de resultados. Concluída boa parte da fase de unificação dos negócios, a empresa inicia um período em que começa a trabalhar aspectos que ficaram em segundo plano desde a fusão das cadeias, em 2011. Experiência de compra na loja, que ainda está distante do que a empresa quer, e a forma como a companhia faz a gestão das categorias vendidas entram nessa lista de prioridades para os próximos anos. Também terá que ser aprimorado o uso da base de informações que a companhia tem de seus clientes, para tentar ser mais assertivo na venda. “Fazemos isto melhor na Raia do que na Drogasil. É um dos aspectos que vamos ter que trabalhar”, disse ontem Marcílio Pousada, presidente da companhia, após publicação do balanço. No ano passado, a empresa apurou aumento de 18,6% nas vendas líquidas, para R$ 7,39 bilhões. De outubro a dezembro, o valor foi de pouco mais de R$ 2 bilhões, expansão de 20,2%. O lucro líquido em 2014 somou R$ 221,4 milhões, mais que o dobro dos R$ 100,9 milhões de 2013. De outubro a dezembro, o lucro registrou alta de 123,4%, para R$ 62,15 milhões. Ao se considerar o número ajustado por despesas não recorrentes, o lucro líquido no trimestre foi de R$ 75,4 milhões, um incremento de 56,8% sobre mesmo período de 2013. No ano, o lucro líquido ajustado atingiu R$ 270,4 milhões, 53,8% quando comparado a 2013. A participação das despesas com vendas na receita bruta se manteve estável em 18,3%, em relação ao mesmo período de 2013 (18,4%). Portanto, custos ficaram sob controle apesar da expansão nas aberturas no ano. Foram inaugurados, de outubro a dezembro, 51 pontos, maior volume de aberturas entre os quatro trimestres do ano em parte pela entrada no mercado no Nordeste. No quarto trimestre, a margem bruta atingiu 27,6%, aumento de 0,9 ponto. As vendas “mesmas lojas” (em operação há mais um ano) subiram 11,4% no ano passado e 13% no quarto trimestre, um dos melhores índices desde a fusão das redes. Vendas mais aceleradas em outubro, mês de temperaturas altas, em parte, explicam o índice, disse Eugênio De Zagottis, vicepresidente de relações com investidores e planejamento. “O sólido crescimento de vendas ‘mesmas lojas’ da Raia Drogasil valida a nossa tese de resiliência para o mercado de varejo de drogarias, com o crescimento das vendas quando comparados com os resultados de outras empresas de consumo e varejo, como Grupo Pão de Açúcar e Natura “, escreveu em relatório ontem Guilherme Assis, analista da Brasil Plural. “As farmácias continuam a roubar participação de supermercados e do canal de vendas diretas”. Dados da Nielsen mostram que a participação de mercado (em valor) das grandes redes de drogarias na venda de itens de higiene pessoal e cosméticos passou de 15,4% em 2010 para 16,6% ao fim de 2014. Supermercados e hipermercados caíram de 54,2% para 52,4%. Isso mostra que não apenas o ritmo de envelhecimento da população sustenta o crescimento desse setor. Há migração de clientes entre canais. Para De Zagottis, após a integração das redes, a companhia teve ganhos de escala e eficiência, e passou a “executar melhor”, ou seja, trabalhar melhor o dia a dia da operação. Ele voltou ontem a descartar planos de aquisição. A Drogaria Pacheco São Paulo decidiu retomar conversas com a CVS, como antecipou o Valor, e a BR Pharma colocou redes à venda. “Nós abrimos 569 lojas em cinco anos. Isso equivale à metade de uma Raia Drogasil. Não precisamos adquirir redes, não valem o custo”. Ainda dentro desse novo foco de prioridades da companhia para os próximos anos, o grupo esclarece que a Farmasil ainda é vista internamente como “um projeto em estudo”. A rede de farmácias tem foco nas classes C e D. “Não vamos colocar isso para rodar agora. Nosso plano nos próximos anos ainda é crescer com Raia e Drogasil.”
Valor Econômico – SP