11/02/2015
Desempenho medido pelo IBGE é o pior desde 2003
As vendas do varejo brasileiro fecharam mais um ano com desempenho acima do PIB, mas o resultado foi o pior dos últimos dez anos. De acordo com números divulgados na manhã desta quarta-feira (11/02) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor fechou o mês de dezembro com uma queda de 2,6% nas vendas em relação ao mesmo mês de 2013, levando o acumulado de 2014 a uma expansão de 2,2% sobre o ano anterior.
O crescimento anual foi praticamente metade do número alcançado em 2013, quando o setor avançou 4,3%, e é o pior desempenho desde o declínio de 3,7% nas vendas ocorrido em 2003. Em nota, a Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio RJ) disse que em 2014 o varejo sentiu os efeitos da inflação persistente, desaceleração do emprego, juros em alta e queda de confiança, um quadro que permanece para 2015.
O resultado anual foi puxado para baixo pela queda de 1,7% nas vendas do chamado Varejo Ampliado (que inclui materiais de construção e automóveis). Enquanto o setor de materiais de construção fechou 2014 estagnado, as vendas de automóveis caíram 9,4% na comparação anual, refletindo a alta dos juros e o crédito mais restrito. Ainda no setor de bens duráveis, as vendas de eletroeletrônicos e móveis cresceram apenas 0,6% em 2014.
Entre os segmentos com desempenho negativo em 2014 encontram-se ainda Tecidos, vestuário e calçados (-1,1%), Materiais de escritório (-1,7%) e Livros, jornais, revistas e papelaria (-7,7%).
No lado positivo, o segmento de Outros artigos de uso pessoal e doméstico, que inclui lojas de departamentos, óticas, joalherias, artigos esportivos e brinquedos, entre outros, fechou o ano com alta de 7,9%, o que o IBGE atribuiu especialmente ao impulso de vendas de fim de ano. Já o setor de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria avançou 9% na comparação anual, devido ao aumento do preço dos medicamentos acima da inflação e ao caráter essencial do uso desses produtos.
As vendas em supermercados e hipermercados fecharam 2014 com expansão de 1,3%, abaixo da alta de 1,9% de 2013, devido à desaceleração do crescimento da massa salarial (alta de 1,4% no ano passado, contra 2,4% em 2013, segundo o IBGE).
Desaceleração
A desaceleração do varejo no segundo semestre do ano, devido à Copa do Mundo e as eleições, fica bastante clara na análise dos números do IBGE. Segundo o instituto, de julho a dezembro as vendas do varejo cresceram apenas 0,4% na comparação anual, com queda de 3,3% no varejo ampliado, novamente devido ao desempenho ruim dos segmentos mais dependentes de crédito. No primeiro semestre do ano, as vendas do varejo restrito haviam subido 4,3%, e as do varejo ampliado crescido 0,1% na comparação com o mesmo período de 2013.
Revista No Varejo on-line – SP