05/02/2015 às 05h00
Por Bloomberg
Uma das transações mais baratas da história do varejo americana pode, mesmo assim, parecer muito boa para os acionistas da Office Depot. A Staples confirmou ontem que vai comprar sua concorrente de artigos para escritórios Office Depot por cerca de US$ 11 por ação, ou US$ 5,7 bilhões, subtraído o caixa líquido (ou US$ 6,3 bilhões com ele). O negócio avalia a rede em cerca de 0,4 vez sua receita nos últimos doze meses. Embora isso represente menos de metade da mediana paga em negócios do varejo americano de mesmo porte, trata-se também de uma avaliação mais generosa que a atribuída à Office Depot em mais de sete anos e superior ao preço pago pela própria empresa na aquisição da OfficeMax, em 2013, segundo dados reunidos pela Bloomberg. O preço supera o que a maioria considerava que a Staples teria de pagar, e é por isso que suas ações estão caindo, disse o analista Brian Yarbrough, da assessoria de investimentos Edward Jones & Co, lotado em St. Louis. Os papéis da Staples perderam 11% de seu valor, e estavam sendo negociados a US$ 16,86 às 13h33 de ontem em Nova York. O US$ 1 bilhão em sinergias que a Staples espera obter com a transação, além disso, é inferior ao projetado por alguns analistas, disse Yarbrough. O banco de investimento Jefferies estimou em dezembro que um acordo renderia até US$ 1,7 bilhão em reduções de custos e impulsos à receita. “É um preço bem alto”, disse Yarbrough. “O motivo pelo qual eles [a Staples] devem têlo pago é por sentir que esse negócio tem um potencial transformador. Isso revela como o setor está mal das pernas e o quanto ele se tornou competitivo. Eles sentem que esta é a melhor maneira, de mais longo prazo, de ter algum crescimento dos lucros.” Os lucros por ação da Staples vão aumentar quase 5% este ano e 13% em 2016 com a aquisição da Office Depot, segundo dados reunidos pela Bloomberg. O US$ 1 bilhão em sinergias anuais que a transação prevê gerar até o terceiro ano após o fechamento do negócio dará um impulso ainda maior aos lucros. O valor não inclui os aproximadamente US$ 840 milhões em sinergias anuais que a Office Depot espera obter com a fusão com a OfficeMax até o fim de 2016. As reduções de custos poderão ajudar a Staples a administrar um de seus maiores problemas: conseguir baixar os preços o suficiente para atrair para si os atuais clientes de varejistas de preços populares, como a Amazon.com e a Walmart, sem sacrificar demais os lucros. Na mais recente temporada de compras de volta às aulas, o material escolar da Staples custava 53% mais do que uma cesta de produtos idêntica adquirida na Walmart ou na Target, segundo um estudo de preços realizado pela Bloomberg Intelligence em agosto. O último obstáculo à concretização do negócio é a aprovação dos órgãos reguladores americanos. Os analistas se dividem em torno do grau de tranquilidade desse processo tranquilo. David Strasser, da empresa de serviços financeiros Janney Montgomery Scott, disse que as varejistas de artigos de escritório deverão encontrar uma forma de fechar o negócio, mesmo que isso signifique alienar ativos. Yarbrough, da Edward Jones, prevê um exame suficientemente rigoroso para fazer com que as empresas não consigam cumprir a data projetada de formalização da transação, do fim deste ano. A Staples poderá desistir da operação se a Federal Trade Commission (FTC), o órgão antitruste americano, exigir vendas de ativos que totalizem mais de US$ 1,25 bilhão da receita obtida pela Office Depot nos EUA em 2014. “O fato de as vendas da Office Depot e da Staples terem sido bem medíocres por muitos anos e de elas terem fechado lojas em vez de crescer pode favorecêlas”, disse Chris Pultz, gestor de carteira da empresa de investimentos Kellner Capital, antes do anúncio da transação. “Elas provavelmente receberão uma segunda solicitação da FTC, mas acho difícil acreditar que o órgão tenha algum argumento para barrar a transação.” (Tradução de Rachel Warszawski) Saiba mais em: No Brasil
Valor Econômico – SP