21/01/2015 WALDOMIRO CARVAS JUNIOR – Presidente da GWA Comunicação Integrada Há meses seguidos, temos lido sobre, ouvido ou visto informações relacionadas a desvios de recursos de empresas estatais, em associação a uma particular gestão de fornecedores. Não há dúvidas que este tipo de situação é muito ruim para os respectivos gestores e para os órgãos do governo, que têm responsabilidade sobre os destinos e planos dessas companhias, sendo que muitas delas mantêm ações cotadas em bolsas de valores no Brasil e no exterior. Mas o que se assiste é ruim para cada um de nós brasileiros. Nosso país fica exposto e torna-se alvo de questionamentos generalizados sobre a conduta ética e gerencial da grande maioria de profissionais e executivos. E isso não é surpresa, uma vez que até membros do ministério sinalizaram como sendo a prática de comissionamento um traço cultural nacional. A união de forças entre a condução metódica e criteriosa das autoridades jurídicas e a mídia tem possibilitado entender como ocorreram os desvios e há quanto tempo eles vêm abastecendo atividades e canais indevidos. Se contra fatos não há argumentos, negar ou fugir da realidade é o pior que uma empresa pode fazer. Em situações críticas como a que estamos presenciando, é importante, entre outras ações: assumir responsabilidades; esclarecer eventuais ajustes na estrutura de comando; mostrar controles existentes ou criados para evitar que haja repetições; contribuir efetivamente para a conclusão das análises. A comunicação de qualidade deve contemplar não só transparência e linguagem adequada, mas também e principalmente a legítima preocupação em oferecer a melhor informação em um determinado momento. Para uma eficiente comunicação empresarial é importante que haja transparência (construção de clima de confiança); equidade (não pode haver quaisquer atitudes discriminatórias); prestação de contas (responsabilidade consequente de atos e omissões); e responsabilidade corporativa (preocupação legítima com a longevidade das empresas). Melhoram, assim, as condições para que empresas consigam ser bem sucedidas na travessia de momentos críticos. Uma comunicação tímida, fraca ou inexistente pode contribuir para o aumento da percepção de que um cenário ruim pode piorar. E esse quadro implicará em desvalorização de ações, perda de valor para acionistas, questionamentos crescentes de parceiros, fornecedores, bancos e órgãos de controle, o que gera inegáveis e, às vezes irreversíveis, prejuízos à imagem das empresas. Além disso, e não menos importante, um tratamento displicente contribuirá para uma baixa do moral das equipes, gerando perda de talentos e aumento da dificuldade para substitui-los. A exposição pública de questões relacionadas a atos de corrupção, a privilégios entre agentes públicos e privados, a gastos exorbitantes em obras de interesse do país, entre outros fatores, faz parte do processo de amadurecimento nacional. O fundamental é que tais discussões sejam base para a construção de uma sociedade em que transparência e respeito prevaleçam cada vez mais; em que casos de desvios sejam apurados exemplarmente para evitar sua continuidade ou institucionalização; e onde a comunicação empresarial ganhe relevância pela forma maiúscula, madura e objetiva com que enfrenta os fatos.
Brasil Econômico – SP