As vendas no varejo cresceram 4,2% em 2014, segundo o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA), mas a composição dessa expansão foi bem diferente entre os setores, segundo levantamento feito com exclusividade para o Valor. Segmentos de consumo cotidiano e menor valor agregado aumentaram as vendas em 7,6% em 2014, ritmo até superior ao observado em 2013 (7,4%). Já a demanda em ramos do varejo mais dependentes de bens duráveis, como móveis, eletrodomésticos e material para construção, mostrou desaceleração acentuada, com avanço médio de 2,3% em 2014, bem menos do que os 6,3% observados no ano anterior.
Para o gerente de inteligência da Cielo, Gabriel Mariotto, o crescimento expressivo de drogarias e farmácias (11,8%), postos de gasolina (6,8%) e super e hipermercados (6,3%) está relacionado ao fato de que são bens de primeira necessidade e com baixo ticket médio, em torno de R$ 60 por compra, afirma. Na outra ponta, as vendas de bens duráveis no geral têm peso maior no orçamento das famílias, com média de gasto de R$ 150, e podem ser adiadas com mais facilidade, o que explica a alta modesta em relação ao ano anterior.
Outra tendência mostrada pelo ICVA é que a inflação de serviços está corroendo os ganhos de faturamento das empresas do setor. A alta de 9,3 do faturamento nominal de bares e restaurantes no último trimestre do ano passado, por exemplo, resultou em queda real, já descontada a inflação do período, de 0,4% da receita do segmento. O varejo, porém, se enfraqueceu de forma generalizada no último trimestre do ano, com taxas de expansão menores no quarto trimestre do que na média do ano em 15 dos 24 setores pesquisados.
Em dezembro, a receita com vendas subiu 1,8%, em termos reais, após alta de 4,3% em novembro, sempre na comparação com igual período do ano anterior. Foi a menor taxa de crescimento observada pelo ICVA desde junho, quando o comércio mostrou expansão de apenas 0,5%, na mesma comparação. Mariana Oliveira, economista da Tendências, avalia que o resultado de dezembro reforça a tendência de desaceleração do varejo vista ao longo do ano passado, que deve se prolongar para 2015.
Valor Econômico – SP