15/01/2015 às 05h00
Por Eduardo Laguna | De Detroit
O preço do galão de gasolina nos Estados Unidos já caiu para abaixo da marca de US$ 2,00 (cerca de R$ 1,38 por litro) em cerca de metade dos postos de combustível no país. Há um ano, os americanos pagavam US$ 1,00 a mais do
que isso, mas o excesso da oferta mundial de petróleo derrubando as cotações da commodity tem tornado cada vez mais barato para eles abastecerem seus automóveis. É claro que isso não representa uma notícia positiva para gigantes da indústria petroleira. Preços mais baixos da gasolina são, porém, mais um estímulo às vendas de carros nos Estados Unidos, onde está o segundo maior mercado de veículos do mundo, atrás apenas da China.
Após alcançar em 2014 o maior volume dos últimos oito anos, com 16,4 milhões de veículos leves licenciados, e recuperar níveis de antes da grande crise de 2008/2009, a indústria automobilística americana vê espaço para chegar perto ou até mesmo superar marcas históricas em 2015. As previsões das montadoras instaladas no país vão de estagnação, no
cenário pessimista, a, no melhor dos mundos, expansão de 6,5% das vendas. A situação do petróleo é um dos argumentos citados pelos dirigentes do setor, como a chefe global da General Motors (GM), Mary Barra, para justificar os cálculos mais otimistas, também fundamentados em perspectivas de continuidade da recuperação econômica, bons índices de confiança do consumidor e melhora do mercado de trabalho. “Neste ano, temos a expectativa de crescimento moderado, mas ainda assim crescimento”, diz o presidente mundial da Ford, Mark Fields. Embora fale em moderação, a Ford é a mais otimista entre as montadoras americanas.
Tem expectativa de um mercado na faixa de 16,8 milhões a 17,5 milhões de automóveis. Na melhor das hipóteses, isso significaria novo recorde nas vendas de carros no país, superando as 17,4 milhões de unidades do ano 2000.
A GM, maior montadora dos Estados Unidos, fala em algo entre 16,5 milhões e 17 milhões de veículos esse último, um número não alcançado desde 2001. Carlos Ghosn, presidente mundial da Nissan, sexta marca mais vendida nos
Estados Unidos, afirmou durante o salão do automóvel de Detroit que espera um ano duro no país, com grande competição entre marcas. Ele não compartilha as estimativas mais otimistas, mas vê um avanço de 1,6% da demanda no país, o que seria um volume ao redor de 16,7 milhões de carros em 2015 e o sexto ano consecutivo de crescimento.
Para Ghosn, a indústria automobilística mundial deve crescer cerca de 2% e bater recorde neste ano, na esteira do crescimento dos dois maiores mercados do mundo Estados Unidos e China , a recuperação “lenta” da Europa e a retomada de alguns países da América Latina. Ainda mais otimista, o chefe mundial do grupo Daimler, Dieter Zetsche,
projetou em Detroit um avanço de 4% das vendas globais de veículos, sendo o mercado americano um dos impulsionadores. “A economia dos Estados Unidos deve crescer até 3% neste ano, a confiança e o consumo das famílias estão ganhando força e as vendas de carros voltaram a níveis que não vemos
desde 2006. Ainda vemos um desempenho sólido em 2015”, disse o executivo.
O repórter viajou a convite da Anfavea
Valor Econômico – SP