Os preços do petróleo caíram ainda mais ontem, abaixo da marca de US$ 50 por barril, perto do menor valor em seis anos, em meio aos temores de que haveria um excesso ainda maior de oferta nos próximos meses. Na Bolsa Intercontinental (ICE), o petróleo do tipo Brent para entrega em fevereiro caiu US$ 2,93, para US$ 47,18 por barril, ontem nas negociações à tarde. Na Bolsa Mercantil de Nova York, o petróleo do tipo West Texas Intermediate (WTI), referencial dos Estados Unidos, caiu US$ 2,46, para US$ 45,90 por barril.
As duas cotações aproximaram-se das mais baixas desde abril de 2009. “O mercado ainda está em processo de precificar o que está se configurando como um primeiro semestre muito ruim da perspectiva dos fundamentos”, disse Michael Wittner, analista do setor petrolífero no Société Générale. A decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) em novembro de manter as metas de produção em 30 milhões de barris diários, em vez de cortar a produção para sustentar os preços, agravou o declínio iniciado em junho.
A produção incansável dos EUA e de países como a Líbia e Iraque, que superaram as estimativas, coincidiram com a desaceleração da demanda na Europa e Ásia, cujas economias estão debilitadas, o que pressiona os preços para baixo. O executivo-chefe da corretora londrina PVM, David Hufton, disse que parecia “não haver sinal de uma revisão de estratégia pela Arábia Saudita e seus aliados na produção”. “Eles parecem estar tão comprometidos quanto antes em que o preço encontre seu próprio nível e [então] ver o que acontece.”
“Eles estão em uma batalha comercial em dois fronts”, acrescentou. “Uma batalha contra a queda no consumo de petróleo e uma batalha contra o aumento na produção concorrente& 894; e sua única arma é o preço”. A diferença entre os dois referenciais do petróleo estava em US$ 1,30 por barril nas negociações à tarde, depois de ter encolhido para US$ 0,92, refletindo um mercado mais fraco para o Brent.
A ocasião anterior em que a diferença ficou tão baixa foi há três meses. O excesso na oferta no Atlântico levou o WTI a ser negociado brevemente um pouco mais caro que o Brent em meados de outubro, o que havia acontecido pela última vez em julho de 2013. Com a provável pressão para baixo sobre os preços, o Goldman Sachs reduziu sua previsão de preço médio para 2015 de US$ 83,75 para US$ 50,40 por barril de Brent. Para o barril do WTI a previsão também foi cortada e a nova estimativa caiu de US$ 73,75 para US$ 47,15.
“Acreditamos que o desequilíbrio do mercado mundial será maior [no primeiro semestre de 2015] do que prevíamos anteriormente”, disseram os analistas do Goldman Sachs. Os preços vão precisar estar mais baixos por algum tempo para sufocar a produção de forma expressiva e reduzir o excesso no mercado de petróleo, segundo o banco, que também reduziu as estimativas para 2016.
Valor Econômico – SP