Elas foram sucesso nos anos oitenta e voltaram com força nesta década. Em 2014, ganharam cores fortes, brilho e estampas abstratas. Para 2015, a previsão das fabricantes e varejistas de moda é que as calças legging continuem a apresentar vendas fortes no mercado brasileiro. “A legging é o novo jeans. A peça ganhou status de roupa para sair, trabalhar e também, claro, treinar”, afirmou Carolina Cutolo, diretora de Nike Mulheres.
Empresas como Nike, Renner, C&A, Body For Sure e Caju Brasil viram as vendas de legging crescerem em 2014, impulsionadas pela tendência de uso dessas peças como item de moda casual. A Nike, por exemplo, desenvolveu uma coleção de legging para ser usada fora das academias de ginástica, com a participação de artistas como Yuko Kanatani e os brasileiros Flavio Samelo e Jayelle Hudson. “A explosão fitness no mundo feminino tornouse um estilo de vida que veio para ficar”, disse a executiva da Nike. “As mulheres que praticam esporte no dia a dia fazem das roupas para treino uma extensão natural do guardaroupa. O crescimento da demanda por calças legging é muito relevante no mercado”, acrescentou. A Nike não divulga números sobre vendas das peças. Segundo Carolina, a demanda por esses itens é crescente. Além da influência das academias de ginástica na moda das ruas, há outro fator que ajuda a explicar a forte demanda pela legging no país: as brasileiras, ou uma boa parte delas, gostam de roupas ajustadas ao corpo. “A brasileira gosta de composições bem justas. É uma tendência que veio forte em 2014 e terá bastante espaço nas coleções em 2015 também”, diz Claudia Albuquerque, diretora de compras e produtos da C&A. Ela prevê que entre os itens mais procurados pelas brasileiras em 2015 estará também a “jegging”, calças jeans muito justas, com aparência de legging. Segundo a consultoria Euromonitor, as vendas de calças legging no Brasil tiveram um crescimento médio de 7,5% ao ano entre 2008 e 2013, passando de US$ 118,2 milhões para US$ 168,3 milhões. O Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi) informou que, em 2013, a produção de calças legging somou 4,02 milhões de peças, 2,6% a mais que no ano anterior. E para o intervalo de 2014 a 2020, a projeção da Euromonitor é de que o segmento irá crescer em torno de 4% ao ano, chegando a US$ 203 milhões ao fim do período. Alguns fabricantes especializados na produção dessas peças registraram um crescimento mais forte. A Body For Sure, empresa de São Paulo especializada em roupas de ginástica e moda praia, informou que a procura por calças legging dobrou nos últimos dois anos. E a previsão da companhia é manter esse ritmo de crescimento.
“A calça legging é o carrochefe em vendas e teve um crescimento gigantesco nos últimos dois anos com o uso como uma peça de moda casual. A tendência é crescer cada vez mais”, diz Tina Carneiro, diretora de criação da Body For Sure. As peças, feitas com tecidos que mesclam algodão, poliamida e nylon, ficam justas ao corpo e alongam a silhueta, de acordo com a estilista. Por essa razão e pelo conforto que oferece, as calças legging passaram a ser usadas também como item de moda casual. Em 2014, as fabricantes aplicaram nas calças legging tendências da moda casual, como o uso de estampas de animais e geométricas e de cores vibrantes. Entre os tecidos mais usados está o cirré, com aparência de couro, também conhecido como couro ecológico. Fernanda Feijó, gerente de estilo da Renner, diz que para 2015 as peças em cirré tendem a manter um ritmo de vendas forte, ao lado de peças em suede (tecido que imita a camurça), que ganharão o mercado. “As vendas de legging têm crescido principalmente como item de moda casual. Para 2015, peças com efeito de couro e com aparência de roupa de montaria ditarão a tendência”, diz ela. Claudia, da C&A, observa que a moda de legging em 2015 terá cores mais neutras, com destaque para peças de cor cinza, preto e azul marinho. O algodão e o cirré são tecidos que se manterão em alta no ano que começa. No meio esportivo, também tiveram boa procura calças legging com o tecido emana, da Rhodia, que transforma o calor do corpo em raios infravermelho longo, que ajudam na circulação sanguínea e no tratamento de celulite. Outro tecido procurado foi o suplex, da DuPont, que ajuda no desempenho de esportes por ser mais flexível e leve que a Lycra. “O mercado também apresentou outras inovações, como uso de tecidos com porcentagem antibactericida e com filtro solar 50”, disse Natália Careti, estilista da Caju Brasil, empresa de Votuporanga (SP) especializada em moda esportiva. De acordo com Natália, a procura pelas calças legging cresce no país, à medida que há um aumento do número de pessoas que praticam esportes ou vão às academias de ginástica. Ela nota ainda um aumento da procura pelas peças para moda casual. “O surgimento de novas marcas de legging são um sinal de que o mercado está em crescimento”, disse.
Valor Econômico – SP