Maior franqueada do McDonald’s, Arcos Dorados evita guerra de preços e investe em localização e ambientação dos restaurantes como forma de se diferenciar da concorrência
Rodrigo Carro
rodrigo.carro@brasileconomico.com.br
Maior franqueada da rede McDonald’s no mundo, a Arcos Dorados foge da guerra de preços e aposta na localização e na ambientação de seus restaurantes como forma de atrair e manter a clientela no Brasil.
Apesar dos solavancos da economia brasileira, a companhia não alterou seu planejamento para 2015: continua focada na expansão tanto nas capitais como no interior.
Não vejo a curto prazo uma saturação, justifica Dorival Oliveira, vice-presidente de Desenvolvimento da Arcos Dorados.
Para o executivo, a concorrência no segmento de fast food continuará a se acirrar em 2015.
Nem por isso a rede americana que já oferece o menu Pequenos preços com cinco itens a R$ 5 vai disputar mercado na base do preço, garante Oliveira.
Com as ferramentas que o McDonald’s tem de poder proporcionar uma melhor experiência ao cliente através do ambiente, de localização e de produto, tenho certeza do valor que isso pode trazer para o cliente. E eu acho que essa é a nossa grande força: não entrar em preço e sim em valor, argumenta o vice-presidente.
Gerente executiva do Instituto Foodservice Brasil (IFB), que agrega fabricantes, prestadores de serviço e operadores do segmento, Ingrid Devisate diz que o preço funciona como um chamariz, mas o consumidor brasileiro de fast food busca também outros atrativos, como qualidade, rapidez e conforto.
O consumidor está mais exigente e com certeza busca mais algum valor agregado. Até porque os preços dos sanduíches e das bebidas estão muito parecidos, justifica Ingrid.
Dentro de uma estratégia de diferenciação em relação à concorrência, a Arcos Dorados passou há quatro anos a pesquisar mais em profundidade as expectativas e opiniões da população que vive próxima aos pontos onde serão instalados as novas unidades do McDonald’s.
Nossos projetos são todos dentro da particularidade da região, conta Oliveira.
Um arquiteto nosso, quando vai fazer o projeto do restaurante, conversa com aquela população ao redor da área em que vai ser construído o restaurante.
Assim, áreas menos residenciais e com grande fluxo de trabalhadores tendem a acomodar restaurantes mais focados num público à procura de um lanche rápido.
Em bairros com maior densidade de residências ou de estudantes, por exemplo, o ambiente pode seguir uma linha mais familiar, com mobiliário e iluminação diferentes, para atrair clientes que podem permanecer até algumas horas no restaurante.
No terceiro trimestre deste ano, a Arcos Dorados alcançou o patamar de 833 restaurantes no país, um aumento de 9,3% em relação ao mesmo período de 2013, de acordo com a demonstração financeira mais recente da companhia.
Apesar da expansão, a receita total da operação brasileira cresceu 3,7%, atingindo US$ 460,9 milhões entre julho e setembro.
Entre os fatores que influenciaram negativamente a receita está a Copa do Mundo o fluxo de clientes nas lojas diminuiu porque muitos ficaram em casa para assistir as partidas.
Ainda na comparação anual, o lucro líquido da Arcos Dorados no país caiu 4,5% no trimestre encerrado em 30 de setembro de 2014.
A retração no lucro está longe de diminuir o apetite da Arcos Dorados. Alinhada com o mercado, a companhia vai manter seus esforços de interiorização.
Com toda a expansão do McDonalds, com todo o tamanho que a companhia tem no Brasil, acredito que não devemos estar hoje em 300 cidades. Isso demonstra o grande potencial que o Brasil tem, argumenta o vice-presidente de Desenvolvimento.
Na avaliação de Ingrid Devisate, do IFB, a expansão das vendas de fast food ocorrida nos últimos anos ainda está longe de se esgotar, impulsionado principalmente pelo consumo das classes C, D e até E.
Brasil Econômico – SP