03/12/2014 às 05h00
Por Cibelle Bouças | De São Paulo
A Netshoes, companhia varejista brasileira de comércio eletrônico de artigos esportivos, vai colocar no ar nos próximos dias o site Zattini.com.br, loja virtual de moda masculina, feminina e infantil. A nova operação começa a funcionar em até dez dias, com 12 mil itens entre calçados, bolsas e acessórios. Até março de 2015, o site também vai passar a vender roupas.
Para colocar o negócio no ar, a Netshoes fez acordos com 70 fornecedores da indústria da moda. Entre as marcas que comporão a lista de itens estão Colcci, Calvin Klein, Diesel, Cavalera, Levis, Dumond, Jorge Bischoff, Ferracini, Luz da Lua, Democrata e Vizzano. Marcio Kumruian, fundador e presidente da Netshoes, disse que a nova loja virtual vai usar a mesma infraestrutura da Netshoes em termos de centro de distribuição, logística, gestão administrativa e financeira.
Para tocar o negócio na área comercial, a companhia contratou uma equipe de 25 pessoas. O investimento total no negócio, incluindo estoque de produtos, ações de marketing e publicidade, equipe e outros gastos, está estimado em R$ 35 milhões no primeiro ano de operação.
“Esse é um negócio que já vai começar grande e vai atender a todos os públicos, de diferentes idades e classes sociais”, disse Kumruian. O executivo não deu projeção de vendas para um primeiro ano, mas disse que a meta é alcançar a liderança no segmento de moda on-line em três anos. Atualmente, a líder nesse segmento é a Dafiti, que tem receita anual estimada de R$ 1,1 bilhão.
Kunruian disse que a decisão de montar o site de comércio eletrônico de moda resultou de pesquisas com clientes da Netshoes, que demonstravam interesse em comprar outros itens de moda além de artigos esportivos.
O nome foi inventado pelo fundador da Netshoes. “Sou fã de dois sites que começam com “z”, o Zalando e o Zappos, queria um nome com “z” também”, disse o executivo, referindo-se aos sites de varejo de moda europeu e americano, respectivamente. Ele também buscou um nome com letra dobrada e que tivesse boa sonoridade se falado nas línguas inglesa e portuguesa.
Kumruian observou que o mercado de moda on-line representa de 2% a 3% do varejo de moda no país, o equivalente a R$ 3,8 bilhões em 2013, e, segundo a consultoria Euromonitor, esse segmento do mercado digital vai dobrar a receita até 2018. “O comércio eletrônico de moda ainda tem pouca representatividade. É uma área com muito potencial a ser explorado”, disse.
Kumruian considerou ainda que a Zattini tem condições, em um futuro de mais longo prazo, se tornar um negócio maior que a própria Netshoes, dado o seu foco de atuação mais abrangente. A Zattini começa com 12 mil itens de moda (ante 40 mil da Netshoes) e um público potencial de pelo menos 10 milhões de clientes da Netshoes, que vêm sendo contatados para conhecer a nova loja.
A Netshoes encerrou o ano passado com receita operacional de R$ 965,1 milhões, alta de 21% no ano. O prejuízo foi de R$ 71,8 milhões e ficou 23% abaixo do registrado em 2012. A empresa não divulga projeções para 2014, mas a meta é chegar ao lucro em 2015.
Em relação à possibilidade de abertura de capital, Kumruian disse que está nos planos de longo prazo da companhia fazer uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), mas não há pressa e nem prazo para isso.
A Netshoes negocia com a International Finance Corporation (IFC), braço do Banco Mundial direcionado ao setor privado, um aporte de US$ 20 milhões na companhia. A decisão sobre o investimento está prevista para ser tomada no dia 22.
De acordo com documento publicado pela IFC, o objetivo do aporte é apoiar as operações da Netshoes na América Latina. Kumruian disse que a negociação já está praticamente fechada, faltando apenas alguns detalhes para a entrada do recurso na companhia.
A Netshoes começou a operar internacionalmente em 2011. Possui operações na Argentina e no México. Sem citar números, o executivo disse que os negócios são representativos para a Netshoes e a perspectiva é de que as operações internacionais crescerão em um ritmo mais acelerado do que no Brasil nos próximos dois anos.
Em maio, a Netshoes recebeu um aporte de R$ 400 milhões dos sócios – fundadores e os fundos Tiger Global, Iconiq, Kaszek Ventures e Temasek -, em uma operação liderada pelo GIC, fundo soberano de Cingapura.
Valor Econômico – SP