03/12/2014 Alessandra Taraborelli Private equity e venture capital e o mercado de capitais podem suprir espaço que poderá ser deixado por BNDES Os fundos de private equity e venture capital e o mercado de capitais podem suprir o espaço que será aberto com a provável redução do papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como fonte de recursos para investimentos de empresas a partir do ajuste fiscal da economia. A previsão é do vice-presidente da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP), Clóvis Meurer, ao ressaltar que existem vários fundos no mercado nacional e internacional que são fontes de recursos para financiar a atividade econômica e que estão dispostos a investir em projetos e empresas brasileiras. Ao ser anunciado como novo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MIDC) na segunda-feira, o ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) Armando Monteiro disse que as grandes empresas do país devem buscar alternativas ao banco de fomento. O BNDES não pode suportar sozinho a demanda do país por investimento e financiamento, disse Monteiro logo após ser nomeado oficialmente pela presidente Dilma Rousseff. O presidente da ABVCAP trabalha com a expectativa de que o novo ministro irá trabalhar no sentido de facilitar o acesso das empresas ao mercado de capitais e também ao mercado estrangeiro. Acho que o objetivo é incentivar e motivar os empresários a buscarem mecanismos internacionais e outras opções de financiamento, como a Bolsa também. Ele está correto em apoiar, avalia. Para o sócio-fundador da Heartman House Consultores, Victor Báez, independente do ritmo de crescimento da economia em 2015, os fundos vão continuar buscando oportunidades no mercado doméstico. Esse segmento investe de olho no médio e longo prazo e, em momentos de expansão mais fraca da economia os ativos ficam mais baratos e isso atrai ainda mais investidores, porque as empresas têm dificuldades para crescer. Tem fundo com US$ 20 bilhões para investir em projetos interessantes, observa. Clóvis Meurer observa ainda que a Bolsa também é uma opção de capitalização para as empresas, mas o ritmo deve ser mais lento em razão de ser um mercado pouco desenvolvido. Se a Bolsa fosse mais desenvolvida muitas empresas pegariam mais dinheiro no mercado de capitais, estima. Para Báez,os IPOs (oferta pública inicial) só devem acontecer a partir do segundo semestre, se a economia der sinais de recuperação. O mercado de capitais é psicológico, não é só fundamento. Mercado precisa sentir que o cara (ministro) está trabalhando e criar a expectativa positiva, diz O ano de 2014 pode terminar sem uma oferta inicial de ações. As únicas possibilidades sãos os IPOs da companhia aérea Azul e da JBS Foods, que já têm pedidos de registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Ontem em Nova York, o presidente-executivo da Vale, Murilo Ferreira, disse que a mineradora avalia um IPO da operação de metais básicos da mineradora (ver matéria na página 22). Para o sócio na área de Mercado de Capitais do TozziniFreire Advoga, Antonio Felix de Araujo Cintra, o espaço que o BNDES poderá deixar vai permitir uma competição entre os bancos e, consequentemente, o aumento de operações que tenham elementos do mercado de capitais, como emissão de debêntures e notas promissórias. Não só as incentivadas (debêntures), mas as empresas vão buscar o mercado de capitais, sim. Vai haver, talvez, um aumento de custo, mas por outro lado, torna o mercado mais sustentável no longo prazo, diz, referindo-se ao fato de que o Tesouro não deve continuar fazendo aportes infinitos no BNDES para que este possa ter taxas menores. Há alguns anos o BNDES recebe recursos do Tesouro e, com isso, tem funding privilegiado e consegue passar os recursos para empresas a juros mais baixo do que o mercado, ele acaba ocupando o mercado inteiro e os outros players ficam de fora de algumas operações, como as ligadas ao setor de infraestrutura, diz. O diretor da Empírica Investimentos Leonardo Calixto, lembra ainda que o crédito corporativo via fundos de recebíveis pode ganhar espaço em 2015, principalmente para as empresas que precisam de capital de giro. Muitas vezes a empresas não precisa de financiamento e, sim, de capital de giro para tocar o seu negócio, e os fundos de recebíveis são boas alternativas, pondera.
Brasil Econômico – SP