28/11/2014
Organização das contas públicas e controle da inflação são os principais compromissos assumidos pelos futuros ministros da área econômica do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, anunciados ontem, em Brasília
Os três primeiros integrantes confirmados na equipe do novo governo da presidente Dilma Rousseff foram unânimes em apontar os principais desafios que terão: melhorar o desempenho das contas públicas e fazer com que a inflação converta para o centro da meta oficial (4,5%). Ou seja, reduzir os gastos e melhorar a receita do governo, sem descuidar dos preços. Os nomes de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa para o Planejamento e Alexandre Tombini no Banco Central (BC) foram confirmados pelo Palácio do Planalto e, em seguida, os escolhidos demonstraram sintonia no primeiro discurso público. Na primeira aparição pública, não ocorreram anúncios de medidas, apenas compromissos. Até a posse, provavelmente em janeiro, Levy e Barbosa farão parte da equipe de transição.
O objetivo imediato do governo e do Ministério da Fazenda é estabelecer uma meta de superávit primário (poupança do governo para pagar juros da dívida) para os próximos anos afirmou Levy.
ORÇAMENTO DE 2015 SERÁ REAVALIADO
A meta fixada pelo novo ministro é de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 e, no mínimo, de 2% do PIB nos dois anos seguintes a meta era de 3,1%, foi reduzida para 1,9% em 2013 e se esperava o mesmo percentual para 2014, mas, até setembro, o governo só conseguiu atingir 0,61%. Segundo Levy, o patamar proposto é compatível com o objetivo de reduzir o endividamento. No entanto, ressalvou que não pode ocorrer ampliação do estoque de tranferências do Tesouro para as instituições públicas.
Alcançar essas metas é fundamental para o aumento da confiança na economia brasileira e para criar as bases para a retomada do crescimento econômico e a consolidação dos avanços sociais dos últimos anos disse Levy.
Confirmado para prosseguir na presidência do BC posto no qual está desde 2011, quando Dilma assumiu , Tombini defendeu as medidas já adotadas até o momento para o controle da inflação e reiterou que trabalhará para que a taxa se aproxime de 4,5%, o centro da meta definido pelo governo atualmente, o percentual acumulado em 12 meses supera o limite de 6,5% ao ano.
O patamar elevado da inflação acumulada em 12 meses reflete, em parte, a ocorrência de dois importantes processos de reajustes de preços relativos da economia: o realinhamento dos preços domésticos, em relação aos internacionais, e o realinhamento dos administrados, em relação aos livres explicou Tombini.
Para o presidente do BC, a política monetária brasileira tem de continuar vigilante, de modo a conter efeitos de segunda ordem sobre preços administrados pelo governo, e evitar que esses ajustes se espalhem para o restante da economia. Segundo Tombini, as respostas adotadas pelo BC deverão garantir um cenário de convergência da inflação para o centro da meta, visualizando um horizonte positivo para 2015 e 2016.
Atuando de forma independente, mas complementar, as políticas fiscal e monetária têm ambiente de estabilidade e solidez do sistema financeiro. Elas serão cruciais para retomada da confiança de empresários e consumidores na economia brasileira avaliou Tombini.
Um ponto a ser atacado prioritariamente é o orçamento do próximo ano. Futuro responsável pelo Planejamento, Barbosa indicou que é preciso adequar a proposta ao cenário macroeconômico e ao objetivo de elevação gradual do superávit primário. Para isso, se comprometeu a melhorar a eficiência do gasto público por meio da modernização da gestão. As parcerias-públicos privadas devem ser incentivadas.
Trabalharei especialmente em iniciativas para aumentar as taxas de investimento e a produtividade de nossa economia, de modo a consolidar um crescimento mais rápido da renda per capita com estabilidade monetária disse.
Os discursos de Levy, Tombini e Barbosa em Brasília ressaltaram a necessidade de recuperar a confiança no governo e, dessa maneira, estimular o investimento da iniciativa privada e o crescimento da economia.
Diário Catarinense – SC