27/11/2014 às 05h00
Por Carlos Vasconcellos | Para o Valor, do Rio
Ponto de encontro, local de confraternização e lazer, as praças de alimentação se tornaram uma alavanca para os shopping centers, não apenas em termos de geração de tráfego como também em volume de vendas e rentabilidade. Segundo dados da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), as operações de alimentação dentro dos shoppings tiveram em média um desempenho superior ao da própria indústria: enquanto o faturamento nominal dos shoppings cresceu 7,28% de janeiro a setembro de 2014, na comparação com o mesmo período do ano passado, as praças de alimentação chegaram a 12,75%.
A rentabilidade também foi superior. Enquanto a venda bruta por metro quadrado da indústria de shoppings foi de R$ 1.107 em setembro, as operações de alimentação chegaram a R$ 1.911.
“Pesquisas apontam que a alimentação é o terceiro principal fator de atração do consumidor para o shopping center no Brasil, e o segundo em São Paulo. Além disso, as praças são operações bastante rentáveis, com um ótimo desempenho, mesmo em um momento difícil para o varejo”, diz Messias Matos Júnior, coordenador de administração da administradora AD Shopping. “Em média, elas ocupam de 5% a 7% da Área Bruta Locável (ABL) de um shopping center, enquanto respondem por 10% a 15% das vendas totais.”
Sérgio Pessoa, diretor regional da Alliansce, estima que os 30 shoppings próprios ou geridos para terceiros pela administradora recebem cerca 7 milhões de pessoas por mês em suas praças de alimentação. Segundo ele, isso mostra o poder dessas instalações para a indústria. “Isso corresponde a mais de 20% da circulação total dos nossos shoppings”, diz.
Para Pessoa, a atratividade das praças de alimentação acompanha a curva de crescimento do mercado de refeições fora de casa nas duas últimas décadas. “Em 1995, apenas 19% dos brasileiros faziam refeições fora de casa”, diz. “Em 2014, são 38%, praticamente uma em cada três pessoas.”
No Shopping Frei Caneca, em São Paulo, a estratégia é diversificar. Carlo Zanetti, superintendente do mall, dá a receita. “O mix de alimentação deve contemplar uma boa variedade de opções, de forma a possibilitar experiências diárias, pois, muitos frequentadores são funcionários de empresas na região e quanto mais alternativas lhes forem propostas, maior será sua fidelidade ao empreendimento”, diz.
No Shopping Metropolitano Barra (RJ), as operações de alimentação respondem por cerca de 20% das vendas brutas. “Temos uma praça com mil assentos, pé direito alto, luz natural e tratamento paisagístico”, diz Daniela Paladini, superintendente do mall. Para atrair frequentadores do almoço no meio de semana, o Metropolitano mantém um ônibus gratuito circulando pela região nesse horário.
O Parkshopping Campo Grande, também no Rio, aposta em dois polos: praça tradicional, com 1500 lugares e 30 operações de comida rápida, e uma área gastronômica com seis restaurantes completos, com área para shows de música ao vivo e vista para uma reserva florestal. “A alimentação fora de casa se tornou uma alternativa de lazer, como o cinema ou o teatro. E com os shows ao vivo criamos sinergia com a área de entretenimento”, diz o superintendente Paulo Bittencourt. A alimentação representa de 15% a 20% das vendas totais.
Valor Econômico – SP