20/11/2014 às 05h00
Por Camilla Veras Mota e Elisa Soares | De São Paulo
A renda média real da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) apurou em outubro o maior crescimento registrado no ano, chegando a R$ 2.122,1. A alta foi de 2,3% na comparação com setembro e de 4% sobre o mesmo período do ano passado – ritmo semelhante ao verificado em 2010 e em 2012, quando a variável avançou 3,8% e 4,1%, respectivamente.
No acumulado entre janeiro e outubro, apesar do patamar menor, de 2,8%, o aumento da renda ainda é maior do que o observado no ano passado, de 1,8%, sempre na comparação com igual período do ano anterior. Para Flávio Combat, o comportamento dos salários, que continuam crescendo a despeito dos resultados negativos dos demais indicadores de atividade, é em parte explicado pela política de valorização do salário mínimo, cuja variação se tornou indexador para algumas categorias, e pela dinâmica fraca de busca por vagas observada em 2014.
Ainda que a geração de emprego seja muito menor neste ano do que em 2013, afirma, a relativa escassez de mão de obra confere aos trabalhadores um poder de barganha muitas vezes decisivo nas negociações de dissídio.
O caso específico de outubro, para a técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Adriana Beringuy, pode ser reflexo de dissídios bem negociados. Apesar queda de 3,4% na ocupação, a indústria puxou a alta entre os setores, com aumento de 6,1% no rendimento no confronto com outubro do ano passado.
“Ainda que o segmento esteja produzindo menos e em alguns momentos até tenha apresentado demissões, os trabalhadores que permanecem nesta atividade conseguem ter ganhos reais”, disse.
Valor Econômico – SP