18/11/2014 Léa De Luca As empresas confirmam conversações em andamento, mas não revelam detalhes. Operação daria mais flexibilidade ao banco público no segmento O Banco do Brasil (BB) e a Cielo empresa de credenciamento de cartões que o banco tem em parceria com o Bradesco divulgaram ontem ao mercado documentos informando que estão negociando uma parceria. As conversas estariam em andamento e, portanto, ambas as empresas não divulgaram detalhes. No mercado, comenta-se que seria um negócio de R$ 9 bilhões. Para Boanerges Ramos Freire, presidente da Boanerges & Cia. Consultoria em Varejo Financeiro, essa quantia parece muito para se referir apenas ao negócio de processamento e pouco para ser o valor da área de emissões de cartões. Em 2010, o Bradesco, sócio do BB na Cielo, comprou 49% da processadora Fidelity, a maior do país. Era para o BB ter comprado junto, mas recuou, e o processamento continuou sendo realizado dentro de casa. Pode ser que agora tenha decido migrar, diz Freire. De qualquer maneira, a terceirização do negócio contanto que o BB continue como controlador dá mais flexibilidade ao banco, que assim não precisaria mais submeter toda e qualquer contratação a licitações e novas aquisições, a concorrências, explica. Procurados, BB e Cielo não concederam entrevistas, alegando que não havia nenhum fato novo além do enviado mais cedo à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O fato relevante divulgado pelo BB dizia que tem estudado oportunidades e alternativas para o crescimento dos seus negócios de meios eletrônicos de pagamentos bem como o incremento de sua eficiência, e, nesse sentido, vem negociando com a Cielo. A nota referia-se, ainda, à promulgação da Lei 12.865, de 2013, que dispõe sobre os arranjos de pagamento e as instituições de pagamento integrantes do Sistema de Pagamentos Brasileiro, promovendo alterações na regulação dos meios eletrônicos de pagamento no país. A referida Lei, regulamentada a partir de diretrizes estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional, vem sendo objeto de diversas normas e instruções emitidas pelo Banco Central, diz o BB. Entre outras coisas, a lei permite que empresas não financeiras, como é o caso da Cielo, emitam cartões. O Bradesco, parceiro do BB na Cielo, poderia estar envolvido na negociação. Os dois bancos são também sócios na bandeira Elo (da qual a Caixa também tem pequena participação), no negócio de vaucher alimentação Alelo e nos recém-criados Stelo (de e-commerce) e Livelo (de programas de fidelidade). Já a Cielo também confirmou as negociações, esclarecendo que a iniciativa está alinhada com o planejamento estratégico que busca criação de valor para o acionista por meio do crescimento, da diversificação de receita em negócios relacionados a pagamentos eletrônicos e de maior eficiência operacional. Segundo Karina Freitas, analista da corretora Concórdia, a notícia é positiva para a Cielo, pois agregará na diversificação de negócios e em faturamento, porém ressalta o impacto do gasto sobre seu balanço. No caso do BB, ao contrário, a entrada de recursos será positiva. Ontem, os papéis ON do banco subiram 2,43%, para R$ 25,08 e os da Cielo, 2,51%, para R$ 40,10.
Brasil Econômico – SP