17/11/2014 às 05h00
Por Arícia Martins | De São Paulo
A partir de indicadores de atividade já conhecidos, economistas avaliam que a produção industrial voltou a subir em outubro, embora em ritmo muito frágil. O comportamento ligeiramente positivo da indústria, segundo eles, deve continuar nos próximos meses e contribuir para alta de cerca de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) na passagem do terceiro para o quarto trimestre, feitos os ajustes sazonais.
Segundo Bráulio Borges, economista-chefe da LCA, indicadores que atingiram o fundo do poço em meados do terceiro trimestre estão se distanciando desse patamar. Como exemplo, o fluxo pedagiado de veículos pesados nas estradas, que tem boa correlação com a atividade industrial, subiu 1,1% entre setembro e outubro, de acordo com medição dessazonalizada da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) em parceria com a Tendências Consultoria.
Outros sinais positivos, na avaliação do economista, foram a alta de 1,8% do Índice de Confiança da Indústria, da Fundação Getulio Vargas (FGV), e de 0,5% no consumo de energia industrial, no cálculo que desconta a variação de temperatura. Por outro lado, sempre considerando os ajustes sazonais da LCA, a produção de veículos medida pela Anfavea (entidade que reúne as montadoras) caiu 6%, enquanto a expedição de papelão ondulado diminuiu 0,7%.
Com índices apontando para ambos os lados, a consultoria projeta que a produção avançou 0,3% em outubro, após recuo de 0,2% no mês anterior. “É uma recuperação, mas bem modesta. Só mais para o fim do quarto trimestre teremos características maiores de retomada, mas ainda assim modesta”, diz Borges, que projeta alta de 0,7% para o PIB de outubro a dezembro.
Alessandra Ribeiro, da Tendências, prevê que a produção industrial cresceu 0,2% em outubro. Até o fim do ano, deve haver um pequeno ganho de ritmo, diz, com alta de 0,4% em novembro e dezembro, o que ajudará o PIB a avançar 0,3% no último trimestre. Para Alessandra, “será uma retomada fraca”, apoiada em fatores pontuais, como a expectativa de que alta do IPI sobre carros em janeiro.
Com essa expectativa, a indústria automotiva deve produzir mais no fim deste ano, mas Alessandra ressalta que a reação do setor é limitada por fatores como perda de fôlego do comércio, baixo patamar de confiança dos empresários, que prejudica investimentos, e o nível de incertezas em relação à economia, ainda elevado mesmo após as eleições.
Valor Econômico – SP