20/01/2015 – 05:00
Por Ana Paula Ragazzi
Os controladores da Brazil Fast Food Corp (BFFC), dona da marca de restaurantes Bob’s, retomaram a ideia de deslistar a empresa do mercado de balcão americano. Os controladores fizeram essa tentativa um ano atrás, mas não contaram com a adesão dos acionistas.
Na semana passada, a Queijo, holding controladora da BFFC, propôs pagar aos acionistas US$ 18,30 por ação para fechar o capital da empresa nos Estados Unidos. O valor representa um prêmio de 38% sobre a média das 60 últimas cotações. A primeira proposta, no final de 2013, ofertava US$ 15,50, valor que embutia desconto de 11% sobre a cotação dos papéis quando a oferta foi lançada.
O controlador tem 75,26% das ações da BFFC. A oferta deverá somar cerca de US$ 112 milhões e a empresa usará parte do caixa e financiamentos para concretizá-la se houver adesão dos acionistas desta vez. Novamente, a proposta da Queijo foi encaminhada ao conselho de administração da BFFC.
O conselho, agora, deverá formar um comitê independente para analisá-la e divulgar sua recomendação aos acionistas. Esse processo é totalmente independente, explica Lilianne Borges, gerente de relações com investidores da BFFC, e busca evitar qualquer possível conflito de interesse.
Ricardo Bomeny, que faz parte da família controladora que apresentou a oferta, é o principal executivo da companhia. “Esse comitê fará sua análise e sua recomendação aos acionistas. Esse processo de avaliação poderá incluir uma negociação dos valores ofertados”, afirma Lilianne. Não existe um prazo fixado para a análise, mas ela acredita que o processo poderá estar concluído em três meses.
Dessa vez, a oferta foi pré-negociada com os atuais acionistas. A holding, que está sendo assessorada pela A10 Investimentos, afirma em carta aos acionistas que dois grupos de minoritários, que representam 40,55% do total das ações em circulação na bolsa, já se mostraram dispostos a entregar suas ações no preço oferecido. Para que a BFFC seja deslistada, será preciso que a maioria, em assembleia, concorde com a operação. As chances de sucesso desta vez são grandes, portanto.
Lilliane diz que não fala pelos sócios controladores, mas lembra que um ano atrás a justificativa dada para a medida foi flexibilizar as possibilidades de financiamento. “A companhia e seus atuais sócios estão no Brasil. Mas ela tem essa condição anterior de ser aberta nos Estados Unidos. Ela não tem hoje condições de captar recursos por lá. E isso também atrapalha a obtenção de financiamento por aqui, que hoje seria muito mais factível”, diz.
A Queijo afirma que a proposta dará liquidez aos atuais acionistas da companhia. Também reduzirá seus custos. A BFFC opera 1.228 pontos de vendas das marcas: Bob’s, Yoggi, KFC e Pizza Hut em São Paulo, Yum! e Doggis.
Valor Econômico – SP