O mercado de shopping centers teve o melhor início de ano desde 2014, quando a crise econômica começou a afetar mais duramente o consumo no país. Segundo dados a serem publicados hoje pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), obtidos pelo Valor, as vendas de lojistas de shoppings avançaram 8,4% no primeiro semestre de 2019.
Para efeito de comparação, a receita nominal do comércio varejista subiu 5% de janeiro a maio (não há dados fechados do semestre), segundo o IBGE.
Em termos reais, a alta no setor de shoppings foi de 6,04% (descontado o efeito da inflação medida pelo IPCA).
Apesar da expansão, para o ano está mantida a projeção de alta de 7% — a associação deve aguardar até setembro para definir se eleva o índice estimado para 2019. “Esta taxa de 8,4% é bem positiva, especialmente em tempos de inflação mais baixa. Mas é uma expansão em cima de uma base de comparação fraca”, diz Glauco Humai, presidente da Abrasce.
Os shoppings foram afetados pelos efeitos da Copa do Mundo, que reduziram o tráfego de clientes durante os jogos de 2018, e pela greve dos caminhoneiros, em maio. “Mantemos a cautela porque ainda não há sinais claros de tendência deste ritmo do primeiro semestre para o resto de 2019.”
É preciso considerar questões como a ainda lenta retomada de crédito e a gradual recuperação do mercado de trabalho, afirmou. O IBGE informou ontem que a taxa de desemprego caiu de 12,7% de abril a junho de 2018 para 12% neste ano.
Segundo informaram na terçafeira duas empresas do setor, Aliansce e Multiplan, o mês de julho mostrou sinais positivos, no mesmo ritmo do fim do semestre. “Há nitidamente mais clientes nas lojas, maior tráfego, com crescimento de vendas e pessoas ficando mais seguras para gastar”, disse Armando d’Almeida Neto, diretor financeiro da Multiplan.
“Julho continua forte, parecido com o trimestre anterior”, disse a analistas Rafael Sales, diretor-presidente da empresa criada da fusão de Aliansce e Sonae. Ele fez, porém uma ressalva, ao afirmar que esse ainda é um desempenho parcial do terceiro trimestre. “Temos mais dois meses pela frente [para concluir o período].”
Segundo a Abrasce, os melhores resultados mensais no semestre ocorreram nos meses de fevereiro (11,7%) e maio (9,8%).
Houve manutenção no tíquete médio das transações de janeiro a junho, em R$ 93,68 — portanto, o crescimento nas vendas foi ancorado num avanço no volume de transações, e não no valor gasto.
O segmento de eletrônicos foi o que apresentou maior crescimento de vendas por metro quadrado no primeiro semestre (14,56%), seguido de relojoaria e bijuterias (7,33%) e brinquedos (6,81%).
Sobre projeções de aberturas de empreendimentos no país, Humai estima até 14 inaugurações em 2019, pois algumas construções que poderiam ser concluídas no ano podem ficar para 2020. Em 2018, foram também 14 inaugurações. Humai acredita num processo de redução geral de aberturas na próxima década, com o setor se concentrando na exploração dos ativos já construídos.
Fonte: Valor Econômico