Para ser mais inclusiva e conectada aos jovens, rede aceita diferentes meios de transporte em seu drive-thru, agora apelidado de “drive-tudo”
Por Maria Clara Dias
No McDonald’s, a pandemia serviu para colocar em xeque uma estratégia de negócio até então focada na expansão desenfreada baseada na abertura de restaurantes em grandes capitais, um modelo adotado pela rede há décadas. Com as restrições de circulação, o grande motor da rede mudou: agora, são os canais digitais e é claro, o delivery.
O momento levou a rede de restaurantes a investir mais em tecnologia a fim de entender o que o consumidor realmente procura. A conclusão foi que o modelo de “fila 1 e fila 2” não funcionava mais, e era hora de inovar e aumentar a autonomia do cliente. “Escutamos nossos consumidores e vimos que eles queriam passar a decidir como iriam fazer os pedidos, como iriam pagar e onde iriam comer”, diz Paulo Camargo, presidente da Arcos Dorados, franquia operadora do McDonald’s na América Latina.
Dessa escuta ativa nasceu a ideia de injetar novos 130 milhões de dólares na abertura de novas unidades da rede na América Latina e Caribe ainda em 2021. Esse aporte será utilizado para a abertura de 50 novos pontos de venda, 40 deles apenas no Brasil.
Em outra ponta, os recursos também virão para dar um gás na estratégia chamada de “3Ds”: digital, drive-thru e delivery. O primeiro movimento está na ampliação do drive-thru para o chamado “drive-tudo”, um jeito de mostrar que a rede agora aceita todos os meios de transporte em seu corredor de entregas rápidas, saindo de cena o modelo tradicional de uma fila de carros e motos esperando o lanche sair da cozinha.
No lugar disso, é possível ver clientes de patinetes, skates, patins e até mesmo bicicletas. Dois meses após a ampliação, o drive-tudo já é responsável por 39% das vendas da rede no Brasil, que ficou ao redor de 1 bilhão de reais no segundo trimestre deste ano.
Segundo Camargo, a novidade é uma resposta da empresa para se aproximar ainda mais do público jovem, agora foco central também em campanhas de marketing e comunicação. “Uma marca como a nossa tem que chegar a todo mundo. Queremos ser democráticos”, diz.
O McDonald ‘s não está sozinho na busca por mais modernização nas entregas. Segundo uma pesquisa da consultoria de food service Galunion, em parceria com a Associação Brasileira de Franchising (ABF), cerca de 97% das redes de alimentação brasileiras já trabalham com delivery, e 38% da receita do setor de fast-food no Brasil vem de alimentos entregues na casa da clientela. Antes da pandemia, só 16% vinham daí. Com o delivery sendo uma realidade no setor, está claro que agora a disputa é por diferenciais nesse canal.
Fonte: Exame