19/06/2015 às 05h00
Por Eduardo Laguna | De São Paulo
A fábrica de automóveis da Honda em Sumaré, no interior de São Paulo, está operando no limite de horas extras permitido pela legislação trabalhista para formar estoques antes do início das férias coletivas de meio de ano, que já estavam dentro do planejamento anual da marca. Entre esta e a próxima semana, a montadora amplia em 20 minutos a jornada extra por turno de trabalho, que já era de uma hora e quarenta minutos devido às fortes vendas dos modelos Fit, City e, principalmente, HRV, utilitário esportivo mais vendido do país desde seu lançamento em março. Em dois turnos de produção, a fábrica está operando com quatro horas a mais por dia. Com os 40 minutos adicionais, a Honda pretende, em dez dias, montar entre 270 e 300 carros para estoques. A partir do próximo dia 29, a produção vai parar por duas semanas, em razão das férias coletivas. A 53 quilômetros do parque industrial da Honda, a fábrica da Toyota que produz o Corolla em Indaiatuba também está trabalhando com horas extras: duas a mais por dia, ou uma a cada turno de trabalho. A Toyota também tem recorrido a jornadas suplementares em sábados alternados para atender à demanda pelo sedã. Juntas, Honda e Toyota, as únicas montadoras em crescimento no Brasil, fazem da região de Campinas, onde suas fábricas estão instaladas, um polo de prosperidade em meio a uma indústria que está reduzindo a produção de veículos ao volume mais baixo dos últimos oito anos. Na Honda, as vendas de carros crescem 16,4% em 2015, a maior taxa entre as marcas com produção local. O volume, de quase 60 mil unidades entre janeiro e maio, é puxado pelo aumento de 30,4% e 26% das vendas do Fit e do City, respectivamente, combinado ao sucesso do recémlançado HRV, modelo que tem fila de espera de um mês nas concessionárias. Pela versão mais equipada do veículo, o consumidor pode ter de esperar mais de três meses. Já a Toyota, sétima marca do país, registrou crescimento de 2,7% até maio, um percentual bem menor do que o da Honda, porém digno de comemoração quando se tem em vista a queda de 20% do consumo de carros de passeio e utilitários leves pelos brasileiros. Em comum, ambas as marcas colhem resultados de lançamentos bem aceitos pelo público e se beneficiam por estarem em faixas do mercado menos afetadas por restrições de crédito e de renda, que pesam mais sobre os segmentos populares. A própria Toyota não repete com seu carro de entrada, o Etios, o mesmo sucesso mostrado pelo Corolla. Na soma das versões hatch e sedã, o modelo popular da marca japonesa, produzido em Sorocaba (SP), está com vendas 2,3% menores do que no ano passado. A Toyota, porém, consegue compensar isso com o crescimento de 29,8% do Corolla, assim como a Honda, com três modelos em franca ascensão, mais do que compensa a redução de 41% nos emplacamentos do sedã Civic, também montado em Sumaré.
Valor Econômico – SP