Por Adriana Mattos | O comando do Grupo SBF, dono de Centauro e operador de Nike no país, disse, na manhã dessa segunda-feira (29), em teleconferência com analistas, que a questão da retomada de fluxo de cliente nas lojas da Centauro é um desafio “há algum tempo”, e não há um fluxo “pujante” hoje. Então, por conta disso, a empresa passou a focar em conversão de tráfego em venda, e no aumento de itens vendidos por transação, disse o CEO, Pedro Zemel.
Sobre a questão, a empresa explicou, em seu material de resultados, que, de abril a junho, verificou “novamente queda no fluxo nas lojas em algumas regiões em comparação com o mesmo período de 2023”.
E para reagir por meio da conversão e do maior volume de produtos por compra, houve novas iniciativas implementadas desde o início do ano, como o comissionamento nos itens adicionais por compra (além de calçados), busca de melhora no nível de serviço e maior eficiência operacional na reposição no piso de loja, para evitar ruptura.
Em entrevista ao Valor na sexta-feira (26), Zemel disse que esse comissionamento não é uma nova política, mas um incentivo para as vendas de calçados que incluírem outros itens.
Questionado por analista sobre nível de concorrência, Zemel disse que “a competição é superativa e é competente, e todo mundo acordando cedo e pensando o próximo passo. E todo mundo que está empurrando as marcas faz favor ao mercado”, afirmou, sem dar maiores detalhes dessa concorrência.
O diretor financeiro, José Salazar, foi perguntado sobre royalties para Nike e disse que a empresa já está trabalhando com reajustes 0,4 pontos acima neste ano, segundo definido em contrato com a Nike. “O que compro agora já está ajustado dentro desse reajuste”, disse.
Salazar ainda afirmou que a empresa tem um colchão de liquidez de R$ 1,4 bilhão com recebíveis e que há um mercado de crédito aberto agora. Ainda afirmou que a estrutura de capital está próxima do que a empresa se propôs. A relação entre dívida líquida e lucro antes de juros, imposto, amortização e depreciação (Ebitda, da sigla em inglês) ficou em cerca de 1 vez de abril a junho, versus 3 vezes um ano antes.
Sobre expansão orgânica, até o fim de 2025, o plano é focar em rentabilidade e fluxo de caixa, e a ideia é não perder o foco com aberturas, disse o diretor. Ele ainda afirmou que a varejista está “hedgeada” (protegida nas operações envolvendo variação de câmbio) para a coleção deste ano, mas ainda não totalmente para 2025.
A direção ainda informou uma mudança na distribuição. Disse que irá entregar produtos diretamente para as lojas da Nike, mas continuará com o atual parceira na entrega, com lotes menores no atacado. “Acreditamos que teremos eficiência maior distribuindo direto para nossas lojas”, disse o diretor.
O lucro líquido consolidado de abril a junho atingiu R$ 228,9 milhões, frente a uma perda de R$ 32,5 milhões no mesmo período de 2023. O lucro operacional, antes do resultado financeiro, mais que dobrou, para R$ 126,3 milhões — e sem efeito de “outras receitas” que surgem em períodos de reorganização.
Fonte: Valor Econômico