Por André Jankavski | Desculpe a bagunça: estamos em obra para melhor servir.
Este é o resumo do terceiro tri da Marisa, que reportou vendas fracas em meio à renegociação com fornecedores e um capital de giro apertado – mas o CEO João Nogueira Batista diz que 2024 vai ser diferente.
A venda líquida da Marisa despencou quase 49% na comparação anual para R$ 259 milhões.
O EBITDA da operação de varejo – que não considera o MBank nem os custos de fechamento de quase 100 lojas desde o fim de 2022 – ficou negativo em R$ 93,4 milhões, 3x pior que o mesmo período do ano passado.
“Foi um trimestre de transição. Sabíamos que o top line seria ruim, especialmente por causa da baixa de estoques,” disse Nogueira Batista ao Brazil Journal.
O prejuízo líquido foi de R$ 196,4 milhões – praticamente o dobro do registrado no terceiro tri de 2022.
Segundo o executivo, por falta de acesso a crédito bancário, a saída encontrada foi cortar custos, renegociar contratos com fornecedores e utilizar as próprias vendas como capital de giro.
Mas essa escolha teve um custo: diversos fornecedores não entregaram produtos na mesma quantidade e, com a ruptura, o same-store-sales caiu 36%.
Agora, os estoques já foram repostos para o quarto trimestre e a expectativa é positiva – mas não o suficiente para bater as vendas do ano passado, disse Nogueira Batista.
O quarto tri “vai ser bem mais próximo do normal. Só não vamos ter 100% do patamar das compras, pois alguns fornecedores não têm produzido. Mas 80% do que precisamos para o tri já está comprado,” disse.
Para 2024, Nogueira Batista disse que a empresa deve atingir o guidance apresentado ao mercado: receita bruta entre R$ 2,3 bilhões e R$ 2,5 bilhões; margem bruta entre 50% e 52%; EBITDA entre R$ 130 milhões e R$ 150 milhões; alavancagem entre 0,9x e 1,2x; além de um perfil de dívida com 90% do passivo no longo prazo.
A volta do crédito vai ser fundamental para alcançar esses números, segundo o CEO. Em outubro, a Marisa conseguiu – depois de várias negativas – um empréstimo de R$ 65 milhões com o BTG Pactual. O crédito só foi possível pela garantia de parte dos direitos creditórios da companhia, que somam mais de R$ 800 milhões.
A companhia ainda poderá compensar cerca de R$ 85 milhões durante a vigência da operação de crédito. Logo, a varejista deverá aumentar seu capital de giro em R$ 150 milhões. Porém, Nogueira Batista vê espaço para esse número crescer para R$ 220 milhões com a entrada do dinheiro de parcerias e com a terceirização do seu negócio de crédito para a Credsystem.
O closing com a Credsystem aconteceu nesta quarta-feira. “O MBank vai ser oficialmente encerrado com essa assinatura. Vamos continuar ajudando alguns fornecedores com capital de giro, mas a tendência é acabar com isso também,” disse o executivo.
Nogueira Batista também calcula que entrarão mais recursos com a antecipação dos contratos de parcerias para o seu hub de serviços, que está sendo ampliado. Entre os serviços estarão o plano de saúde da Rede Mais Saúde, seguros da Assurant e consórcios da Ademicon.
“Essas parcerias têm o potencial de trazer um EBITDA incremental de R$ 300 milhões nos próximos dez anos,” disse Nogueira Batista.
Segundo o executivo, os resultados ficarão aparentes em 2024 – e ele diz ter certeza que o market cap vai acompanhar esses números.
“Com as parcerias, o EBITDA da empresa pode chegar a R$ 150 milhões e toda a nossa dívida de curto prazo estará resolvida. Com um múltiplo de 8, estamos falando de um market cap próximo de R$ 1,2 bilhão,” disse Nogueira Batista. (A Marisa hoje vale R$ 228 milhões na B3.)
Fonte: Brazil Jornal