Em linha com os números entregues no primeiro semestre pela operação, a perspectiva para a segunda metade de 2022 também é otimista
Por Moacir Drska
Em julho de 2020, o grupo gaúcho Panvel captou R$ 480 milhões em um re-IPO para financiar sua expansão na região Sul. No “balcão” da oferta, a empresa, dona da rede de farmácias Panvel, da Dimed Distribuidora e do laboratório Lifar, prometeu aos investidores entregar uma série de indicadores até 2025. Entre elas, dobrar o tamanho e superar a marca de 800 lojas.
Dois anos depois, a companhia está concluindo mais uma etapa dessa jornada. A companhia acaba de divulgar seu resultado referente ao segundo trimestre de 2022. O balanço mostra que, além de perseguir o que foi planejado, a empresa está apertando o passo em algumas vias desse percurso.
“Havia uma dúvida pairando sobre o setor, com questões como a inflação”, diz Julio Mottin Neto, CEO do grupo Panvel, ao NeoFeed. “Mas nós conseguimos equilibrar todos os pratos e entregamos um crescimento consistente no segundo trimestre.”
Um dos pontos destacados no balanço foi o fato de a empresa ter antecipado algumas das metas traçadas no plano. Por exemplo, a venda média por loja, que chegou ao patamar de R$ 600 mil, no segundo trimestre como um todo, e de R$ 620 mil em junho.
“Esse é um indicador muito importante na nossa operação, que destrava a produtividade da companhia”, afirma Antônio Napp, CFO da empresa. “E, pela nossa projeção, nós iríamos buscar esse patamar apenas no fim deste ano.”
Em linha com os números entregues no primeiro semestre pela operação, a perspectiva para a segunda metade de 2022 também é otimista. “É um período em que a higiene e a beleza vêm com mais força, e de datas como a Black Friday e o Natal, que pra nós é muito relevante, pois temos linhas de produtos próprios que viram presentes nessa época”, diz Mottin Neto.
Antes de cruzar a linha de chegada de 2022, a Panvel tem uma agenda recheada de novos projetos. O primeiro envolve o lançamento da opção de entrega ultrarrápida, em até 30 minutos, para produtos comprados nos canais digitais da rede. Hoje, boa parte dos itens é entregue em até duas horas.
Ainda sem uma data específica definida, a ideia é que a modalidade comece a ser ofertada neste semestre, em Porto Alegre, para depois ganhar escala em outras praças. A princípio, o formato envolverá apenas algumas categorias de maior urgência, entre elas a de produtos infantis.
Por falar em velocidade, o grupo também quer sair na frente em outro espaço. Até o fim do ano, a Panvel vai lançar o seu próprio prontuário de saúde, que será acessado por meio do seu aplicativo e trará todas as interações do consumidor com a rede – dos itens comprados aos serviços utilizados na Panvel Clinic, hub de saúde da companhia.
“Assim como vem acontecendo no setor financeiro, nós acreditamos muito no open health, ou seja, no futuro, o consumidor vai ser o dono das suas informações de saúde”, diz Mottin Neto. “E queremos estar prontos para esse cenário.”
O lançamento de um fundo de corporate venture capital é mais um projeto no calendário de 2022. Em fase final de estruturação, o Panvel Ventures é, na visão da empresa, um passo natural após o grupo criar, em 2021, um programa de aceleração de startups.
“Não estamos entrando na onda dos corporate venture capital”, ressalta o CEO da Panvel, que não abre mais detalhes sobre a tese do veículo. “O fato é que agora os valuations estão mais racionais e há mais oportunidades no mercado.”
No setor, um dos players que já seguiram esse caminho é a RD (Raia Drogasil), com a RD Ventures. O fundo fez seu primeiro investimento em julho de 2020, na Manipulaê, marketplace de farmácias de manipulação. E, desde então, trouxe nomes como Labi Exames, Amplimed e Healthbit para o seu portfólio.
Outra iniciativa no radar da Panvel passa pela parceria anunciada em maio desse ano com a Realize, operação financeira da Renner. Como parte do acordo, ainda em fase inicial, o grupo estuda ingressar na arena de oferta de produtos e serviços financeiros.
“Nunca tivemos um case de sucesso de braço financeiro no varejo farmacêutico e o principal motivo é que as compras são muito rápidas, de conveniência e os tíquetes não são muito altos”, diz Napp. “Os canais digitais podem ser um game changer e devemos lançar produtos, provavelmente, em 2023.”
Marketplace, expansão e concorrência
O pontapé de novidades no segundo semestre foi dado em julho, com o lançamento do marketplace da Panvel. A estreia veio com a Multi (antiga Multilaser) como seller, com uma base de 350 itens disponíveis. Em breve, a plataforma será reforçada com a Océane, marca de produtos de beleza e de cosméticos.
“Até o fim do ano, o plano é ter até 10 sellers e, em 2023, chegar a 20”, afirma Mottin Neto. Ele destaca que a ideia não é priorizar o volume na plataforma. “Estamos investindo muito em curadoria para fazer uma pré-seleção e facilitar a decisão do consumidor.”
Já no que diz respeito à expansão em lojas físicas, a companhia segue com apetite. No segundo trimestre, foram inauguradas 17 unidades, somando 32 no primeiro semestre e 65 nos últimos doze meses. Para esse ano, o plano é superar 60 aberturas. Hoje, o grupo conta com 538 pontos de venda.
Em São Paulo, onde a empresa tem seis unidades, o cronograma inclui uma inauguração, em dezembro, e outras três já contratadas para 2023. A maior parte dos investimentos, no entanto, continuará sendo na região Sul, com prioridade para novas lojas em cidades do interior.
“Defender território é algo que, no setor, ninguém deveria esquecer”, diz Mottin Neto, quando questionado sobre a concorrência cada vez mais acirrada em sua “casa” com a RD e players regionais, como a Nissei, no Paraná, e a Preço Popular, em Santa Catarina.
“Para nós, a competição com a RD não é novidade. Já competimos com eles há mais de dez anos, inclusive quando entramos em Curitiba”, conta. “Eles tinham 20 lojas e nós, nenhuma. Hoje, estamos praticamente par a par. Isso mostra que existe espaço para as duas no Sul.”
Enquanto busca “proteger” o seu espaço, o grupo Panvel contabiliza a evolução da operação no segundo trimestre. Entre abril e junho, a empresa reportou um lucro líquido ajustado de R$ 27,9 milhões, alta de 15,8% sobre igual período, em 2021. Já o Ebitda ajustado avançou 40,7%, para R$ 56 milhões.
Na comparação anual, o faturamento cresceu 26,7%, para R$ 1,06 bilhão. Os canais digitais alcançaram uma participação de 15,7% nas vendas totais, enquanto os produtos de marca própria registraram uma fatia de 6,4% das vendas do varejo e de 17,9% sobre as vendas nas categorias de higiene e beleza.
As ações do grupo fecharam o pregão desta quarta-feira cotadas a R$ 12,32, alta de 3,18%. No ano, os papéis acumulam uma desvalorização de 7,5%. A empresa está avaliada em R$ 1,85 bilhão.
Fonte: Neofeed
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