Escalada inflacionária tem sido uma alavanca para o modelo de atacarejo
Por Raquel Brandão
Depois de um desempenho forte em abril, a direção da rede de atacarejo Assaí espera que as vendas no segundo trimestre cresçam mais de 30%. “Crescemos próximo a 40% na base total em abril. Foi um mês atípico por ter Páscoa e um Carnaval fora de época”, disse o presidente do grupo, Belmiro Gomes, acrescentando que o movimento das lojas tem crescido sequencialmente.
“Março foi substancialmente melhor do que fevereiro e abril muito mais forte do que março”, afirmou, em teleconferência ontem sobre o balanço trimestral.
Analistas de mercado destacaram que a empresa conseguiu manter margens fortes, mesmo com a pressão inflacionária e o crescimento forte de vendas. “Mais uma vez, o Assaí conseguiu proteger a margem bruta em base anual em 16% das vendas, refletindo a maturação acelerada de novas lojas, bem como sua estratégia comercial bem-sucedida e ajustes efetivos de sortimento de produtos, mesmo em um ambiente de consumo mais desafiador”, escreveu Marcela Recchia, do Credit Suisse, em relatório.
“Temos feito um crescimento muito saudável entre vendas e margem. Mas vamos ser mais agressivos em vendas no segundo trimestre”, disse Gomes, ao responder perguntas sobre o cenário atual. Mas, argumentou, isso não significará movimento “muito pesado” em margens. “Com a reabertura das lojas que eram do Extra é natural que haja movimento mais promocional”, acrescentou.
O Assaí acertou em outubro a compra de 71 hipermercados Extra do GPA, que estão sendo convertidas para sua bandeira.
O executivo destaca que o momento inflacionário tem sido uma alavanca para o modelo de “cash & carry”, como é chamado o atacarejo. Segundo ele, em abril houve aumento no movimento do consumidor final e de pequenos negócios, como bares e restaurantes.
“Ainda não vemos cenário de normalidade [de preços]”, afirmou, apontando que os preços podem parar de crescer, mas deverão se manter em patamares elevados. Assim, observa ele, mesmo o público de alta renda segue buscando por preço, o que é favorável para as futuras lojas que serão convertidas do Extra para Assaí, por estarem em regiões mais centrais.
“Nesse primeiro trimestre tivemos o fechamento das lojas do Extra e não capturamos as vendas deles por não ter sobreposição de pontos, mas mesmo assim tivemos ganhos de ‘market share’”, acrescentou Wlamir Anjos, diretor comercial do Assaí.
De acordo com Anjos, por causa da inflação, há um movimento forte de migração do consumidor para marcas mais baratas. (Com Cristiana Euclydes)
Fonte: Valor Econômico