A meta é de que toda a malha de lojas esteja atuando em um modelo “figital” até o fim de 2022
Por Raquel Brandão
A varejista gaúcha de materiais de construção e itens para casa Lojas Quero-Quero está confiante para o ano que vem.
“Vai ser um desafio, mas estou muito animado. A Quero-Quero cresce quando a situação é difícil”, disse o presidente Peter Furukawa.
Parte da confiança passa pelos planos de expansão. Para 2022, a companhia já tem 46 novas lojas contratadas, sendo quatro unidades no Mato Grosso do Sul e outras quatro no sudoeste do Estado de São Paulo. Além disso, a companhia vê espaço para crescer no centro-leste do Paraná.
“Nas cidades menores não existe muito diferença de ser uma empresa de outro Estado”, disse Furukawa, quando perguntado sobre o ritmo de expansão que está levando a empresa para além dos limites da região Sul, onde opera a grande maioria de suas 450 lojas.
Segundo o executivo, o perfil dos consumidores não muda tanto nas pequenas cidades do Sul até chegar à metade de Minas Gerais. A distribuição de população nas faixas de renda é similar na maioria dessas cidades, diz ele.
O plano de expansão passa também pela adoção do modelo de loja “figital” em mais unidades. Hoje são 63 lojas que permitem o consumidor ver virtualmente produtos que não estão na loja em que ele está e concluir a compra ali mesmo, para receber poucos dias depois. Até o fim do ano, 150 lojas devem operar essa “prateleira infinita”, e a meta é de que toda a malha de lojas esteja nesse modelo até o fim de 2022.
Furukawa diz que o novo modelo de loja tem conseguido operar bem em pequenas cidades, já que muitas não têm lojas com produtos diversos de uma grande varejista. Outra vantagem, diz ele, é que a loja “figital” está atraindo novos clientes.
“Se no ano que vem tivermos entre R$ 6 milhões e R$ 10 milhões de vendas no figital já será um golaço. Ainda estamos começando, não temos números, mas estamos azeitando”, afirmou.
Balanço
No terceiro trimestre deste ano, as vendas no varejo da Lojas Quero-Quero cresceram em ritmo menos acelerado do que os serviços financeiros. Isso já era esperado, uma vez que, em 2020, a empresa “tirou o pé do acelerador” na divisão de crédito devido à pandemia.
Com a retomada do segmento, a receita de varejo cresceu 12,1% de julho a setembro de 2021 na base anual, enquanto a de serviços financeiros, 37,2%. “Crescimento da carteira de crédito é tendência que esperamos para próximos trimestres”, disse o diretor financeiro de relações com investidores, Jean Pablo de Mello.
De acordo com ele, a empresa está saindo da pandemia melhor do que esperava. “Depois de aceleração em 2020, voltamos a ter uma margem bruta mais próxima do histórico”, acrescentou ele. A margem bruta da companhia ficou em 38,5%, abaixo do patamar de 42% no terceiro trimestre de 2020, mas apenas 1,8 ponto percentual abaixo do mesmo período de 2019.
Já a margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) mostra potencial de alavancagem operacional, segundo Mello. A margem Ebitda terminou em 12,4%, 1,4 ponto a menos do que os 13,8% de 2019.
Pressão inflacionária
Com preços em patamares já mais elevados, a administração da varejista Lojas Quero-Quero diz que a pressão inflacionária começa a diminuir. “Inflação maior foi lá atrás. Estamos encontrando deflação no que se refere a aço e vemos pressão inflacionária diminuindo ante ano passado”, disse o presidente.
Ainda de acordo com o executivo, a ruptura de produtos está voltando a um patamar melhor. O indicador está na casa de 8%, ainda acima dos 4% a 6% de antes da pandemia, mas já menor do que se via antes. “Nossa equipe tem feito um trabalho de estoques forte.”
Furukawa afirma que o maior desafio segue na categoria de linha branca, de eletrodomésticos, e que ainda se percebe ruptura em telefonia. “Mas essa categoria é menos de 10% da nossa venda.”
Fonte: Valor Econômico