Bancos tradicionais precisarão se adaptar, e até se reinventar, para estarem alinhados às expectativas de uma nova geração de usuários
Por Wagner Aguado, diretor do Comitê do Novo Mercado Financeiro da SBVC
Dando continuidade aos nossos artigos relacionados ao Novo Mercado Financeiro Brasileiro (falamos sobre o PIX aqui, sobre a interoperabilidade neste aqui e sobre o Comitê do Novo Mercado Financeiro da SBVC aqui), é hora de falarmos sobre o Open Banking.
Afinal: o que é o open Banking e o que ele mudará em nossas vidas?
Neste ano, o Banco Central do Brasil regulamentou o novo Sistema Financeiro Aberto (Open Banking). O objetivo do órgão regulador é de aumentar a concorrência, fomentar inovação em produtos e serviços e reduzir custos para os usuários finais.
Em breve, os usuários poderão compartilhar as informações da sua conta – como dados pessoais, de saldo e transações – com quem e quando quiserem. Esse era um cenário inimaginável anteriormente, considerando que os bancos se desenvolveram detendo e protegendo os dados e históricos de seus clientes, dificultando as mudanças por parte dos correntistas.
Indo direto ao ponto, imagine todo o seu histórico de crédito construído ao longo de vários anos com um determinado banco. Neste histórico estão registradas informações sobre contas pagas em dia e em atraso; os salários, pró-labore e rendas depositados; as prestações pagas; empréstimos realizados; perfil de gastos com seu cartão; e muitas outras informações valiosas.
Imagine agora você ter que iniciar toda essa relação com um novo banco. Quanto tempo irá demorar? Pela falta de histórico, quais taxas serão oferecidas até que se tenha a correta avaliação de crédito sobre você? Com o Open Banking, você conseguirá transferir todas essas informações para onde quiser, sem ter que começar um relacionamento do zero com uma nova instituição.
Essa mudança facilitará a vida dos clientes que desejam migrar de instituição financeira, ou simplesmente adquirir um novo produto financeiro. Assim, mudar de banco deixará de ser um processo burocrático e trabalhoso.
O Open Banking brasileiro é um modelo abrangente e será implementado em quatro etapas. A primeira fase, com início em 30 de novembro de 2020, prevê acesso a dados de produtos e serviços das instituições participantes, além de informações como canais de atendimento e produtos ligados a contas de depósito, dados de correspondentes bancários e crédito.
A segunda etapa, com previsão para 31 de maio de 2021, contemplará o compartilhamento efetivo de dados de clientes, como seu histórico de transações em conta de depósito. A terceira, prevista para entrar em vigor em 30 de agosto de 2021, permitirá que o cliente de um banco receba uma oferta de crédito de uma instituição concorrente, ou mesmo inicie uma transação de pagamento através de um terceiro (uma fintech, por exemplo). E por último, a quarta etapa permitirá o compartilhamento de informações que incluem operações de câmbio, seguros, investimentos e previdência, e deverá entrar em vigor em 25 de outubro de 2021.
Com a regulamentação do Open Banking, não há dúvidas de que os bancos tradicionais precisarão se adaptar, e até se reinventar, para estarem alinhados com as expectativas de uma nova geração de usuários e com o conceito de liberdade de escolha.