15/10/2014
Por Eduardo Laguna | De São Paulo
A Anfavea, entidade que representa as montadoras instaladas no país, traçou um cenário de recuperação da indústria automobilística em 2015 e projetou potencial de o mercado brasileiro, um dos cinco maiores do mundo, alcançar vendas anuais de 6,9 milhões de veículos daqui a 20 anos – saindo das cerca de 3,6 milhões unidades previstas para 2014, entre carros, caminhões e ônibus.
A expectativa se sustenta em fatores como os modestos índices de motorização do Brasil – “um dos mais baixos do mundo”, segundo a associação -, o que indica forte potencial de crescimento do consumo de automóveis, sobretudo no interior do país. A previsão da Anfavea também tem como premissa a volta de uma taxa anual de crescimento próxima de 3% das vendas de veículos e faz parte de um estudo em elaboração pela entidade sobre qual será o tamanho da indústria automobilística até 2034.
Em apresentação no congresso promovido na capital paulista pela “Autodata”, agência de notícias especializada no setor automotivo, Luiz Moan, presidente da Anfavea, disse que as montadoras, de olho nessa tendência, programam investimentos de R$ 77 bilhões até 2018, sendo R$ 13 bilhões em atividades de engenharia, pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. “Certamente, outros R$ 89 bilhões ou R$ 100 bilhões em investimentos virão até 2034”, disse o executivo.
Moan adiantou que o mercado de veículos enfrentou dificuldades no primeiro semestre, mas voltou a girar em outubro a um ritmo diário superior a 13 mil veículos por dia útil, após ficar abaixo desse patamar entre julho e setembro.
Mantida a reação mostrada no segundo semestre, cujas vendas superam em 3,9% a média da primeira metade de 2014, Moan disse que, naturalmente, as vendas do ano que vem tendem a ser melhores do que neste ano.
O executivo espera, porém, que as vendas de 2015 – mesmo com os ajustes previstos na economia, “independentemente do governo eleito” – sejam superiores também à média do segundo semestre deste ano, o que o leva a apostar em números “muito melhores” do que 2014 no próximo ano. Por outro lado, ponderou que é preciso ter cautela com as exportações, dadas as restrições na Argentina que voltaram a prejudicar os embarques das montadoras.
Moan também disse que, apesar da expectativa de reação do mercado nos próximos meses, as montadoras continuam ajustando a produção porque precisam adequar estoques.
Ele afirmou que espera ainda neste ano a aprovação da mudança de lei que dá maior agilidade aos bancos na retomada de bens dos consumidores inadimplentes. A medida, avaliam empresas do setor, ajudaria a melhorar o apetite das instituições financeiras pelo crédito automotivo, ao reduzir custos e riscos dessa operação.