15/10/2014
Por Cibelle Bouças | De São Paulo
A Ambev, maior fabricante de cerveja do país, estima reduzir neste ano as despesas com transportes em 20%, em relação a 2013. O programa de compartilhamento de frota – em vez de retornarem vazios para as fábricas, os caminhões são carregados com produtos de parceiros; a cabotagem e a troca de caminhões ajudam nessa economia.
A companhia fechou acordo com a fabricante de condimentos Heinz e a Stora Enso, fabricante de papel, chegando a um total de oito companhias com as quais faz o compartilhamento de frota em 15 Estados. Pablo Vieira, diretor de logística primária da Ambev, disse ao Valor que também negocia acordo com mais três empresas e a previsão é fechar novas parcerias até o fim do ano.
A lista atual das parceiras inclui Unilever, JBS, J. Macêdo, BRF, PepsiCo e Fiat. As empresas Sara Lee, Kraft e L’Oréal, parceiras em 2012, não estão mais no programa, que é bastante dinâmico e pode mudar conforme as necessidades logísticas, informou a Ambev.
A economia de óleo diesel, para a Ambev, no ano está estimada em 6 milhões de litros em função do compartilhamento de frota. Considerando o preço médio do combustível divulgado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), de R$ 2,50 o litro, a economia no ano chega a aproximadamente R$ 15 milhões. A Ambev não divulga qual é o seu consumo total de diesel no ano, nem os gastos da companhia nessa área.
Vieira diz que a redução estimada de 20% de custos com distribuição neste ano deve-se não apenas o compartilhamento de frota com outras indústrias de bens de consumo, mas também uma reorganização da logística da companhia e o aumento da distribuição por meio de sistemas de cabotagem.
“As rotas de distribuição não são fixas. O volume de produção de cada fábrica muda de acordo com a demanda regional e isso traz impacto também na distribuição. A meta é tornar a distribuição cada vez mais inteligente, de modo que o aumento da distribuição não necessariamente exija um número maior de viagens da frota”, disse Vieira.
De acordo com o executivo, em 2011 a Ambev realizou 600 viagens compartilhadas por mês, o que evitou a emissão de 450 toneladas de gás carbônico no ambiente e gerou economia de R$ 4,2 milhões. Atualmente, a companhia realiza 2 mil viagens compartilhadas por mês e tem como previsão reduzir as emissões em 18 mil toneladas de gás carbônico.
De janeiro a julho, a companhia contabilizou uma economia de 1,5 milhão de litros de diesel e redução de 4,6 mil toneladas nas emissões de gás carbônico. Em relação ao ano passado, segundo Vieira, a economia da companhia com diesel está estimada em 5%. Para os próximos três anos, a meta é obter uma redução de 15%.
Além dessa iniciativa, a Ambev renovou sua frota com veículos menos poluentes. Em 2013, a empresa trocou 194 caminhões e, até o fim deste ano, irá substituir mais 249 veículos, o que deve gerar uma queda de aproximadamente 22% na emissão de gás carbônico em relação à frota antiga. A companhia também adota caminhões 100% movidos a gás natural no Rio de Janeiro. A meta é ampliar essa frota para outros locais do país no próximo ano.
No primeiro semestre do ano, a Ambev apresentou um aumento de 17,1% no custo dos produtos vendidos (CPV) no Brasil, devido à mudança no mix de embalagens para distribuição de produtos na Copa e ao aumento da distribuição direta. O aumento desses custos impactou a lucratividade da Ambev, que no semestre teve uma queda de 1,6 ponto percentual na margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, para 46,9%. O lucro líquido cresceu 12,3% no primeiro semestre, para R$ 4,812 bilhões.