Texto Revista NO Varejo
Eduardo Terra – Presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Sócio-Diretor da BTR Consultoria
Desde a estabilização da moeda, ocorrida em 1994, vivemos no Brasil um momento de grandes mudanças para o varejo em especial. Em um setor da economia, antes acostumado com ganhos financeiros, onde o objetivo do negócio era apenas um, comprar a prazo e vender à vista, aplicando recursos no mercado financeiro, pouca preocupação se observava com a gestão do negócio e seus respectivos problemas.
Com as mudanças ocorridas a partir de 1994, esta nuvem de inflação que encobria o varejo brasileiro foi embora, mostrando um mercado com muitos problemas. As empresas varejistas tiveram que mudar seu foco e entraram assim numa realidade muito diferente, onde os resultados passaram a ser consequência de uma boa administração. Iniciou-se então uma corrida em busca da sobrevivência e do crescimento o que até agora deixou muitas sequelas, como a quebra e concordada de muitas das principais empresas e a chegada de outras gigantes do exterior.
Durante estes últimos 20 anos de economia estabilizada, a atividade varejista evoluiu muito, e atualmente mostra empresas buscando soluções para conquistar um novo consumidor.
Neste processo de evolução, muita coisa mudou na gestão do varejo brasileiro; grandes quantias foram investidas em tecnologia, tentando assim atacar alguns dos problemas comuns ao negócio como automação das lojas, logística, perdas internas e externas, controle de inventário, atendimento, enfim todos os fundamentos necessários para se atingir bons resultados.
Neste mesmo período vieram os investimentos de empresas do varejo internacional, além de fundos investindo em empresas com grande potencial de crescimento e os IPO´s
Ao longo destes vinte anos surgiu o E-Commerce, a tecnologia está cada vez mais presente e disponível e passamos a ter uma relação diferente com o consumidor.
Com tantas mudanças e um período longo de evolução surge uma dúvida; o varejo brasileiro já e considerada uma indústria madura, em condições de competir com players globais?
Para respondermos a esta pergunta precisamos analisar o varejo brasileiro em duas perspectivas.
Na perspectiva da loja, dos formatos e arquiteturas de loja, da experiência de compra, do atendimento ao cliente sem dúvida temos um varejo que se tornou referência.
Temos projetos vencedores de lojas, formatos inovadores, experiências de compra diferentes e um atendimento acima da média mundial.
Agora quando olhamos o varejo na perspectiva da gestão, dos controles, da retaguarda, dos processos, ainda temos muito que evoluir.
O varejo brasileiro precisa de mais disciplina na execução dos processos e da estratégia, precisa de mais controles e mais métricas e precisa enfrentar o desafio da produtividade e da eficiência.
As empresas do varejo brasileiro que estão fazendo está “lição de casa”, investindo em mais controles, em uma gestão mais produtiva estão à ficando à frente das demais.
Concluindo, temos muitas condições de ter empresas de varejo no Brasil muito competitivas nos próximos anos mas ainda temos alguns anos de um processo de amadurecimento de um segmento tão dinâmico e competitivo.