Mais uma vez, a maior feira de varejo do mundo, a NRF Big Show, trouxe as tendências tecnológicas e de negócios que ditam o rumo desse segmento tão dinâmico. Ou seja, quem trabalha com varejo, anseia pelas novidades que esse evento de relevância mundial apresenta todos os anos.
E quem não pode ir até Nova York para ver tudo de perto, procurou se atualizar em eventos como o Pós-NRF promovido pela BTR-Varese, que aconteceu em São Paulo e reuniu cerca de 800 pessoas.
Andrea Dietrich, sócia da Évolus e profissional de marketing, ficou animada com o foco em produtividade e pessoas que a feira trouxe nessa edição: “pelo resumo que vimos aqui, a NRF abordou a tecnologia que traz mais eficiência e resultados. Uma tecnologia menos pirotécnica, muitas vezes invisível, que integra dados, que agiliza processos, traz ganho de escala e que acaba promovendo uma experiência superior ao cliente. Também vimos a importância crescente do empoderamento dos colaboradores. Eles, que cada vez mais são responsáveis pelo encantamento do cliente, pela personalização do atendimento, precisam ser capacitados, treinados e estimulados a serem experts da marca”.
6 caminhos para a evolução do varejo
O conteúdo do evento Pós-NRF foi dividido em 6 grandes insights passados ao público por Eduardo Terra (sócio da Évolus, sócio-diretor da BTR e presidente da SBVC) e Alberto Serrentino (fundador da Varese Retail). Em comum, os temas tratam de atalhos para a transformação digital, movimento inevitável para o varejo. Vamos conhecer?
1) Mudanças exponenciais (“retail leapfrog”)
É sabido que as coisas estão mudando muito rapidamente. No varejo não é diferente. E até pelo dinamismo desse segmento, a velocidade da mudança é ainda mais assustadora. Esses “saltos” trazem disrupção, ou seja, viram mercados pelo avesso, muitas vezes tornando-os obsoletos. Eduardo Terra cita como exemplo o que vem acontecendo com livrarias e eletrodomésticos. A China, ele conta, tem sido sinônimo de “retail leapfrog”, com grandes saltos em tudo o que envolve o varejo, das lojas até os meios de pagamento. Como acompanhar o ritmo das mudanças e não ser pego pelas novidades que surgem? “O remédio é a velocidade”, diz Terra. Ele também dá outras duas dicas: manter o olhar periférico, ou seja, ficar atento às pequenas ameaças (que podem se tornar grandes rapidamente), e pensar em parcerias, fortalecendo o negócio de forma colaborativa.
2) Deep Retail – uma nova abordagem para tecnologia e dados
Será que seu varejo é inteligente? Eduardo Terra faz a provocação, explicando que varejo inteligente é aquele que, mais do que coletar dados, trabalha de forma eficiente com eles. É o Deep Retail, um varejo mais técnico, científico até, menos intuitivo e totalmente baseado em dados. Eduardo cita como exemplo o AliBaba, o gigante chinês que traça toda a sua estratégia de expansão em cima de dados. Ou a loja da Amazon 4Star, que reúne apenas produtos bem avaliados por seus clientes daquela região específica. A frase estampada na sede do Google resume bem: “Data beats opinion” (reforçando a importância maior dos dados frente às opiniões).
3) Excelência operacional no varejo (ROE – Retail Operational Excellence)
Eduardo Terra lembra que o maior erro de uma agenda de transformação digital é não priorizar a produtividade. Eficiência operacional traz resultados, é ela quem engorda o caixa da empresa e patrocina sua expansão e inovação. A NRF desse ano mostrou a tecnologia trabalhando pela eficiência, otimizando processos, reduzindo custos e, é claro, melhorando a experiência do consumidor. “É a tecnologia invisível, mas que transforma o negócio e dá resultado. Por isso a excelência operacional é um ponto chave em qualquer transformação digital”, reforça Terra. Como exemplo, foram apresentadas soluções de logística, Centros de Distribuição inteligentes, meios de pagamento inovadores e outros cases.
4) Varejo centrado no cliente (Customer Centric)
Alberto Serrentino trouxe esse tópico, reforçando que ele se trata cada vez mais de uma experiência personalizada. E como fazer isso? De novo estamos falando de coletar e trabalhar dados com eficiência e relevância para entender a jornada do consumidor. Ou seja, pra saber exatamente como ele se comporta antes, durante e depois do contato com a marca. Com essas informações, as verdadeiras “Customer Centric Organizations” decidem sua estratégia. Uma estratégia baseada na jornada do cliente, com experiências únicas para o público.
5) New Retail (O Novo Varejo – loja e ecossistemas)
Com alguns cases da China, Serrentino falou sobre a nova forma de organizar lojas e repensar ecossistemas. E tudo, sempre, embasado na captura e leitura correta dos dados que a empresa dispõe. Dessa forma, o Novo Varejo é fácil, conveniente, tem baixíssimo atrito e oferece uma experiência superior ao cliente. A loja física não morre, ela se reinventa, como é o caso da loja da Nike em Nova York que reúne várias propostas no mesmo local. No subsolo, só produtos que fazem sucesso com os moradores dos arredores. Nos outros andares, tecnologia levando conveniência, praticidade, encantando e elevando a experiência do consumidor.
6) Cultura, posição e transformação (Trusty Leadership)
Segundo Alberto Serrentino, vários painéis da NRF focaram na importância do fortalecimento da cultura, na liderança com propósito e no empoderamento dos colaboradores como pontos fundamentais para o sucesso da organização. Só as empresas com valores claros e com pessoas preparadas e engajadas na sua cultura conseguem passar credibilidade nos dias de hoje – em um mundo onde as marcas estão expostas e os consumidores exigem cada vez mais. Não existe mais espaço para empresa “em cima do muro”: é preciso escolher suas posições, de forma transparente e autêntica, inclusive (e especialmente) em questões polêmicas. Os clientes se aproximam de marcas que se posicionam. E os valores da empresa devem estar arraigados nos colaboradores, o que só acontece com um trabalho diferenciado de capacitação. Nesse ponto, vale destacar a importância de se ter colaboradores preparados, treinados, para, de fato, contribuir na decisão de compra do cliente. Ou seja, experts da marca.
Caminhos para a transformação digital
Tudo o que se viu no evento pós-NRF 2019 diz respeito à jornada da transformação digital. Com exemplos vindos da China, especialmente, e de grandes players como Amazon, Nike e outros, temos a inovação transformando o negócio, trazendo eficiência, resultados e experiências superiores para o cliente. Mais do que fazer vista aos olhos, a tecnologia apareceu como base para a construção de empresas varejistas fortes, ágeis, que dão grandes saltos e redefinem mercados inteiros.
Fonte: Évolus