Já pensou em delegar suas compras para um sistema de inteligência artificial? De acordo com uma nova pesquisa da Integer\OutPromo, nos Estados Unidos, com 3,6 mil consumidores, pelo menos um terço dos consumidores já estão dispostos a deixar sistemas de IA realizarem suas compras básicas. Itens do dia a dia e produtos perecíveis seriam os principais a serem comprados automaticamente, de acordo com o estudo.
A tecnologia não interessa, no entanto, se não trouxer benefícios reais para o bolso do consumidor. O maior benefício em fazer compras via IA seria economizar dinheiro e encontrar ofertas, de acordo com 70% dos respondentes. Mais da metade também espera economizar tempo através desse tipo de compra, e 42% esperam ter dúvidas sobre produtos solucionadas.
“O controle da renda familiar é o principal vetor para esta tecnologia. A capacidade da inteligência artificial em chegar às massas, no futuro, dependerá da capacidade de resolver problemas de todos os tipos de consumidores, e não apenas daqueles consumidores urbanos, abastados e ligados à tecnologia, que são aqueles que até agora têm adotado essas soluções”, avalia Craig Elston, vice-presidente executivo de insights e estratégia do The Integer Group.
Além do interesse em sistemas que atuem como assistentes pessoais, como Alexa, da Amazon, e dispositivos como Google Home, mais de 20% dos usuários esperam que os sistemas inteligentes venham atuar também como concierges, personal trainers, chefs e até como amigos.
Apesar de estarem mais abertos a tecnologias cognitivas, 31% dos consumidores temem que a inteligência artificial reduza suas opções de compras. Ainda, 7 em cada 10 consumidores se preocupam com a proteção aos seus dados pessoais.
E o marketing com isso?
Segundo o estudo, 8 em cada 10 consumidores esperam interagir com sistemas inteligentes via comandos de voz no futuro: 54% dos usuários já utilizam algum dispositivo ativado por voz pelo menos uma vez por semana – seja ao iniciar a reprodução de uma música, acrescentar itens à lista de compras ou pedir sugestões sobre produtos. Mesmo entre os consumidores que nunca utilizaram nenhuma tecnologia inteligente, pelo menos 85% estão dispostos a fazer uso de algum tipo de chatbot, assistente pessoal ou dispositivo doméstico.
Neste contexto, o marketing passa a ter que considerar uma série variáveis . “A publicidade vai ser necessária para garantir que a sua marca será a ‘primeira’, configurada para ser comprada automaticamente pelo usuário. Também esperamos que as plataformas permitam alguma competição entre as marcas, seja através do preço ou de promoções, para que os equipamentos possam oferecer alternativas de acordo com a melhor equação de valor para o consumidor”, diz Craig.
À medida que a voz se torne uma interface dominante, o que ele imagina que deve acontecer nos próximos 5 anos, marcas também terão que assegurar que as descrições de seu produto e identificações SKU (stock- keeping -unit) sejam simples o suficiente para que a leitura seja feita por uma máquina.
A mistura de comandos de voz e respostas em tela também vai estimular devices híbridos, na opinião do vice-presidente executivo. “Humanos são seres muito visuais, e a complexidade dos inputs para compras pode levar ao surgimento de devices com diferentes formas”, diz.
Barreira de acesso
Embora, nos Estados Unidos, já tenham sido vendidos mais de 20 milhões de unidades de dispositivos domésticos inteligentes, o alto valor da tecnologia é um obstáculo para adoção em larga escala. Segundo a pesquisa, 55% dos consumidores americanos se preocupam com o valor de dispositivos de inteligência artificial no futuro. Em países emergentes, o desafio está em criar funcionalidades e acelerar a curva de adoção.
“Aqui no Brasil ainda não temos a maior parte dos serviços disponíveis, portanto, o uso dos equipamentos acaba sendo mais para alguns early adopters do que para o mercado de uma forma mais ampla. E essa baixa penetração faz com que as marcas e as agências optem por não criar muitas soluções para devices de AI”, avalia Ricardo Franken, CCO da Integer\OutPromo no Brasil. Ainda, motivações econômicas podem fazer com que a penetração dos equipamentos seja bastante baixa durante algum tempo.
Ricardo afirma ainda que, no contexto brasileiro, é preciso desenvolver mais equipamentos que falem e entendam a língua portuguesa de forma satisfatória. As soluções precisam ser completas. “Não adianta ele resolver apenas um ou outro problema específico. Eles precisam estar realmente integrados à vida dos shoppers. O brasileiro gosta de novas tecnologias, mas também é bastante desconfiado. Portanto, assim que ele se sentir seguro a adotar e ver benefícios, rapidamente começará a usar”, diz Ricardo.
Fonte: Meio e Mensagem