Apesar de a volta às compras seguir em ritmo ainda lento, as grandes redes de varejo no Brasil estão lucrando mais. Não há mágica, dizem especialistas. Ganhar mais com menos é fruto de ajustes profundos na maneira de as lojas brasileiras trabalharem.
Uma pesquisa da consultoria Varese Retail, especializada no setor, mostra que, nos últimos três anos, durante o ápice da crise, as redes tentaram se reinventar para cortar custos: trocaram linhas de produtos, demitiram, mudaram o tamanho das lojas e o jeito de atender os clientes.
No fim do ano passado, finalmente, reverteram os prejuízos e voltaram ao azul.
“Em crises do passado, perdemos líderes do setor, como Mappin e Mesbla. Desta vez, saímos com empresas mais maduras”, diz Alberto Serrentino, da Varese.
O Pão de Açúcar é o caso mais emblemático. Foi de um prejuízo de R$ 1 bilhão, em 2016, para um lucro de R$ 865 milhões, no ano passado.
O grupo inclui os supermercados Pão de Açúcar e Extra, o Assaí, com lojas de atacarejo em que é possível comprar grandes quantidades a preços mais em conta, e a Via Varejo, que reúne Casas Bahia, Pontofrio e vendas online.
Todos sofreram reestruturações: redução de cargos, renegociação de aluguéis e revisão de gastos com propaganda e marketing. Nessa transformação, 17 hipermercados, cujo custo de manutenção é alto, foram convertidos em atacarejo, operações mais simples que se popularizaram durante a recessão.
“Para 2018, vamos manter as conversões nos negócios de maior retorno, como o Assaí”, diz Ronaldo Iabrudi, diretor-presidente do GPA.
Também haverá o lançamento da Arezzo Light, lojas menores para cidades de até 250 mil habitantes. “Não fizemos reposicionamento de preços, mas de produtos”, afirma Daniel Levy, diretor financeiro da companhia.
A área financeira foi a que mais recebeu atenção internamente, segundo Levy. Com quase todas as 600 lojas franqueadas, a Arezzo decidiu, pela primeira vez em sua história, servir como avalista de algumas das franquias lucrativas que estavam com dificuldade em tomar crédito com bancos e fornecedores.
Fonte: Folha de S. Paulo