Imaginem o carrinho do supermercado andando atrás de você sem ser empurrado. Ou um supermercado onde possamos escolher quaisquer produtos e cozinhá-los na hora dentro do próprio supermercado. Essas são as tendências do futuro que a China está mostrando.
O chamam “new retail” (novo comércio) e dizem que é o futuro. Os gurus que buscam a fórmula perfeita para reinventar as lojas de sempre estão convencidos que os negócios offline só sobreviverão se conseguirem integrar-se nos canais online e oferecem experiências que a internet não podem reproduzir. Em definitivo, não têm sentido ir a um supermercado fazer compras – um dos estabelecimentos que mais serão modificados nos próximos anos – se tudo que existe em suas estantes podem ser adquiridos pela internet. Aos antigos supermercados, só lhes resta a procura pela socialização e divertimento. Já não há no mundo, ainda que não entendam no Brasil, ninguém que duvide que o futuro dos supermercados está na China. É lá que cinco gigantes do comércio – Alibaba, Carrefour, JD, Olé e City Shop estão mostrando os novos processos de compra.
Os supermercados do Alibaba apostam na diversão.
Hema é o nome dos supermercados do Alibaba. Estrearam tão somente há dois anos. Dão uma boa ideia do que será o supermercado do futuro. Parecem com os supermercados tradicionais, mas os clientes não tardam em ver que não o são. Em primeiro lugar, o espaço destinado aos produtos à venda é notavelmente menor que nos mercados tradicionais. A empresa decidiu que é melhor destinar grande parte de sua superfície a pequenas ilhas temáticas onde os clientes podem degustar os produtos.
Há um bar para tomar cerveja, uma esquina de café gestionada por Starbucks e várias cozinhas onde nutridos grupos de cozinheiros que servem aquilo que o cliente escolhe na prateleira. Para isso, paga-se um módico extra em conformidade com o tipo de prato e peso, atingindo, no máximo, R$12. Os mariscos são os preferidos dos chineses. Mas é possível comer verduras, macarrão, e até um suculento bifé de carne argentina (ainda que comam em hambúrgueres, não conhecem a carne brasileira).
Além dessa vantagem sobre os supermercados tradicionais, Hema oferece três tipos diferentes de compra: pode-se fazer da velha maneira, pegando os produtos nas prateleiras, colocando em carrinhos e os levando a um caixa, mas só é possível pagar usando o aplicativo do supermercado, que está ligado ao sistema de pagamento Alipay. Também pode comprar usando o aplicativo do Hema e pedir para ser entregue em casa, desde que não diste a mais de três quilômetros do supermercado. Só a partir desses três quilômetros que o Hema cobra o transporte. Os dados das compras ficam registrados no aplicativo que constantemente oferece novos produtos e promoções. O aplicativo é inteligente é passa a conhecer os gostos de cada cliente.
7Fresh e os carrinhos que seguem os clientes.
O principal concorrente do Alibaba, denominado JD, contra-atacou com sua linha de supermercados, 7Fresh, que conta com o atrativo de oferecer carrinhos que seguem os clientes, sem que estes tenham que empurrá-lo. A novidade pegou todos de surpresa e transformou-se em um “must”, uma nova moda que diverte e facilita.
O Carrefour também aderiu às transformações. Mas elas ainda são tímidas. Oferece pequenos espaços, com mesas e cadeiras, onde o wi-fi é gratuito. De qualquer maneira, no momento é evidente que o Hema está no timão com 25 estabelecimentos em sete cidades. Mas neste ano abrirá 30 novos supermercados em Pequím e chegará a 2.000 em todo o território chinês.
Essas mudanças possibilitarão um salto estratosférico nos negócios de supermercados chineses. A consultoria Analysys garante que sairão de um faturamento de 11 bilhões de euros para 45 bilhões. O supermercado na China deixou de ser apenas um lugar onde vamos enchendo sacolas com compras, para um lugar de diversão.
Fonte: Campo Grande News