A partir desta quarta-feira, 26, as principais personalidades do mercado de franquias se reúnem em um hotel no Nordeste para discutir tendências e desafios do setor. O tema de 2016 da Convenção ABF do Franchising é Conexão e Resiliência. Duas palavras que fizeram parte do vocabulário de Cristina Franco em seus quatro anos à frente da Associação Brasileira de Franchising (ABF).
Cristina, que foi sócia-fundadora da BIT Company, empresa adquirida pelo Grupo Multi em 2010, atualmente é diretora de Relações Governamentais da companhia e sócia da LocTok, empresa de locação de mobiliário para festas.
Preparando-se para sua última convenção como presidente, Cristina comemora o engajamento dos participantes. “Pela primeira vez em 16 anos de evento, esta foi a primeira vez que vendemos todas as vagas e ainda tivemos lista de espera. Isso referenda o trabalho da entidade e o evento, que é o grande encontro dos líderes do franchising”, diz, em entrevista exclusiva ao site de Pequenas Empresas & Grandes Negócios.
Durante cinco dias, empreendedores como Artur Grynbaum, do Grupo Boticário, Caito Maia, da Chilli Beans, Carlos Martins, da Mundo Verde, e Elói D’Ávila, da Flytour, entre outros, vão trocar experiências sobre como tornar o setor mais eficiente. “Diferente de outras indústrias, em franquias, mesmo concorrentes se sentem à vontade e compartilham conhecimento de maneira colaborativa. Essa atitude faz o franchising brasileiro se fortalecer e melhorar a relação franqueado/franqueador”, afirma. O evento, que terá cobertura de PEGN, contará ainda com debates, palestras e plenárias.
Quando sair da presidência, em 2017, a empreendedora manterá sua atuação na entidade e vai ajudar nas decisões estratégicas, além de cupar um cargo no Conselho de Associados da instituição.
“Estou feliz e agradecida. Como ex-presidente, vou para o conselho administrativo de empresas. É ali que se definem as estratégias e o orçamento da entidade”. Além de ex-presidentes, participam do conselho consultores e franqueadores.
Confira a seguir a entrevista completa:
Qual foi o seu principal legado como presidente da ABF?
Acredito que temos hoje uma clareza da abordagem dos nossos pilares, que são educação, capilaridade e protagonismo. Eles estão sólidos e há uma continuidade para o desenvolvimento de novos pilares para o franchising brasileiro. Saímos com o maior programa de educação de todos os tempos, atingimos um número nunca antes alcançado. Só em 2016 foram 31 mil pessoas capacitadas. Quando falamos em capilaridade, já temos mais de 40% dos municípios com uma unidade de franquia e levamos o conhecimento sobre o que é franchising a mais de 120 municípios onde essa capacitação nunca havia chegado. Quando falo de protagonismo, falo sobre um mercado que tem 2,3% do PIB, com mais de R$ 140 bilhões em faturamento. Mesmo sendo uma soma de muitos pequenos empresários, o setor precisa ter voz. E fizemos este trabalho de explicar à presidência da república, à vice-presidência, ao senado e à camará as nossas demandas e pleitos. Mostrar que é só não atrapalhar que o franchising vai em frente.
Quais foram os pontos fortes da sua gestão?
Acredito que a assinatura do convênio para o uso do Fampe (Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas), com linhas de crédito avalizadas pelo Sebrae com parcerias com o Santander e o Bradesco, fez toda diferença para nós. Outra coisa extremamente relevante foi o franchising ter sido recebido três vezes pela vice-presidência e ter integrado duas missões presidenciais, para Estados Unidos e Chile. Todas as missões com rodadas de negócios serviram para dar suporte a esse empresário, para que ele descubra que pode ser global. As franquias brasileiras devem ser exportadas para todo o mundo.
O que você não conseguiu fazer e fica como missão para as próximas gestões?
Nós temos ainda como uma tarefa a ser cumprida, que é definir a questão que está no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o Imposto sobre Serviços (ISS) [Representantes do setor questionam no STF a constitucionalidade da cobrança de ISS sobre os royalties pagos pelas franquias]. Isso veio da gestão anterior, acompanhamos o caso, mas não chegamos a uma conclusão. Isso tem impacto gravíssimo nas nossas contas, que é o ISS sobre royalties. O restante é um trabalho de continuidade. É uma indústria muito viva, eficaz, resiliente, conectada e que está se modernizando e renovando. De acordo com o novo momento da economia, a gente vai identificar os desafios com a nova gestão e dar conta deles. Eu tenho essa sensação plena de contribuição dada. Nós realizamos como grupo, foi um trabalho colaborativo e de associativismo. Estes resultados são isolados da minha figura. Eu sou uma pessoa que fundou uma empresa de franchising, então acredito que um mais um é sempre mais que dois.
Como o setor está se preparando para o mundo digital?
Como entidade, temos essa visão de estar conectado o tempo todo. Criamos cursos online, apps da entidade e conteúdos que são do universo digital. Durante a convenção, vamos também trazer esse tema, conversar com a geração Z, que são os nascidos depois de 1990. O franchising e o varejo têm que estar preparados para esse novo consumidor. Outro ponto que queremos decifrar é como vender para o franqueado Millenium. Estamos de olho também na economia disruptiva, que pode modificar e até acabar com redes de franquias, como o Aibnb e o Uber fizeram em seus mercados.