Unidade da rede de turismo CVC |
Frustrados com uma recente redução em suas comissões de vendas, franqueados da maior operadora de turismo do Brasil, a CVC, decidiram entrar na Justiça, fechar lojas ou repassar pontos pelo país.
O estopim do conflito veio em 2015, com os primeiros sinais da crise, quando alguns lojistas sentiram a queda na demanda, que elevou a cobrança por parte da matriz.
Desde o ano passado, a CVC vinha tirando destes empresários o status de “máster-franquia”, que dá a eles o direito de receber participação de 3% da receita das unidades de franquia que eles forem responsáveis por atrair para a expansão da marca.
Segundo Luiz Eduardo Falco, presidente da CVC, só foram suspensos os contratos dos que não vinham conseguindo mostrar bom desempenho e cumprir metas de vendas. Neste caso, eles continuariam com suas próprias franquias, mas sem participação na expansão da rede.
Falco pondera que a companhia tem 48 máster-franqueados e 1.041 lojas no país.
“É uma rede viva. Alguns vão mal, outros, bem. Quando algum mercado vai mal, nós tentamos ajudar, seja com publicidade, seja com ferramenta de gestão. Alguns melhoram e ficam. Com outros, não há acordo”, afirma.
Falco diz que é uma minoria, mas em alguns casos a CVC trocou máster-franqueados por executivos da própria companhia.
PORTAS FECHADAS
O caso mais emblemático foi o da empresária Claudia Bustamante, que fechou 22 lojas no Rio, quando o contrato de máster-franqueada expirou no início do mês, na mesma semana em que a CVC fazia uma importante oferta pública de distribuição de ações.
Ela teve de reabrir dois dias depois quando CVC obteve liminar. Uma das primeiras franqueadas da história da empresa nos anos 1980, Bustamante quer agora deixar a bandeira para transformar suas unidades em lojas multimarcas e poder a vender pacotes de concorrentes da CVC.
Na Bahia, outro ex-máster-franqueado, Francisco do Nascimento, que atua no Estado desde 2002, diz que acaba de enviar um aviso à CVC de que vai fechar duas de suas 11 lojas ainda neste ano.
“São lojas que não se pagam com essa comissão”, diz.
No Maranhão, Silvio Alves também estuda ir à Justiça contra a rede e diz que vendeu 3 de suas 4 lojas porque ficou difícil cobrir os custos.
Alves atribui o “aperto” nas condições contratuais à estreia da CVC na Bolsa de Valores em 2013 e ao perfil agressivo do fundo norte-americano Carlyle, que comprou a empresa em 2010.
Situação semelhante viveu Tony Santiago, no Pará, que também afirma estar entrando na Justiça.
“Assumimos compromissos de investimento e agora não temos receita correspondente pois cortaram a comissão. A CVC mudou depois que entrou na Bolsa. Adotou atitude predatória.”
Apesar do imbróglio, a empresa abriu 107 lojas nos últimos 12 meses.