02/06/2015 às 05h00 Por James FontanellaKhan | Financial Times, em Nova York A Intel concluiu o maior acordo de sua história com a compra da fabricante de processadores programáveis Altera por US$ 16,7 bilhões, a mais nova transação na recente onda de fusões e aquisições no setor de chips. Os acionistas da Altera vão receber US$ 54 por ação em dinheiro, cerca de 56% a mais do que a cotação dos papéis no fim de março, quando surgiu pela primeira vez a notícia de que a Intel negociava a aquisição. O alto ágio pago pela Intel evidencia o cenário de concorrência cada vez maior entre as grandes fabricantes de circuitos integrados, um setor que passa por uma rápida fase de consolidação. A compra da Intel, terceiro acordo multibilionário na área de semicondutores anunciado desde março, chega dias depois de a Avago, de Singapura, ter comprado a rival americana Broadcom por US$ 37 bilhões, maior aquisição no setor de tecnologia desde a bolha das empresas “ponto.com”, no fim dos anos 90. No início de março, a fabricante holandesa de circuitos integrados NXP Semiconductors comprou a Freescale, dos Estados Unidos, em negócio que avaliou a empresa em US$ 11,8 bilhões. As companhias de semicondutores, que fabricam os chips dos telefones celulares, enfrentam problemas de custos cada vez maiores, pressionadas por fabricantes de telefones como Apple e Samsung, que gozam de grande poder de negociação de preço. As fabricantes de chip esperam que a consolidação lhes permita fazer frente a grupos de tecnologia maiores que elas na hora de negociar preços. As fusões também poderiam ajudálas a reduzir custos graças à combinação de suas operações e a impulsionar a expansão em um momento de baixo crescimento orgânico, segundo analistas. A Altera, que foi fundada há 30 anos e tem cerca de 3 mil funcionários em 19 países, vai ajudar a Intel a diversificar os negócios e depender menos do setor de computadores pessoais, de baixo crescimento, e absorver parte do excesso de capacidade em suas fábricas de circuitos integrados. “A estratégia de crescimento da Intel é expandir nossas operações principais em segmentos de mercado complementares e lucrativos”, disse o CEO da companhia, Brian Krzanich. “Com esta aquisição, vamos aproveitar ao máximo a Lei de Moore para tornar a próxima geração de soluções não apenas melhor, mas capaz de fazer mais”, acrescentou, referindose à previsão de Gordon Moore, cofundador da Intel, de que o poder de processamento dos chips dobraria a cada dois anos. A Altera produz circuitos integrados usados em redes, em aparelhos militares e em vários equipamentos sem fio, automotivos, de telecomunicações e de outros usos industriais. A Huawei, da China, e a Ericsson, da Suécia, estão entre seus maiores clientes. Nos últimos anos, Krzanich enfatizou seu comprometimento em reavivar o foco da empresa na parte industrial, e a compra da Altera, cuja sede fica em San José, nos Estados Unidos, parece complementar essa estratégia. A Intel já fabrica alguns produtos para a Altera, uma vez que a empresa se dedica mais a projetar chips do que a produzilos. As ações da Altera subiam 6%, para US$ 51,80, nos primeiros minutos de negociação na sessão de ontem, com o mercado reagindo positivamente ao acordo. As ações da Intel praticamente não haviam variado. A Intel recebeu assessoria financeira do JPMorgan e do Rothschild. O Goldman Sachs trabalhou como único assessor financeiro da Altera. (Tradução de Sabino Ahumada)
Valor Econômico – SP