06/05/2015 | 09:00 – Atualizado em: 06/05/2015 | 09:00
Com objetivo de melhorar a eficiência da distribuição, fabricante de cosméticos investe em novo hub no interior de São Paulo, que deve impulsionar operação no país e na AL
Após registrar dois dias de rali na bolsa impulsionado por uma liminar que suspendeu a cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a distribuição de cosméticos e de superar as expectativas de analistas com os resultados referentes ao primeiro trimestre, a Natura anunciou ontem mais uma notícia promissora para o mercado, dentro da sua estratégia para recuperar a tração no mercado brasileiro.
A companhia inaugurou seu novo centro de armazenamento e distribuição, localizado em Itupeva, interior de São Paulo. Com um forte componente de eficiência logística e de ganhos sócio-ambientais, a unidade concentrou um aporte de R$ 73 milhões cifra que considera apenas os equipamentos, e não toda a infraestrutura do hub e integra o plano de investimentos de R$ 2 bilhões destinado pela companhia nos últimos quatro anos, que incluiu projetos como uma nova fábrica em Cajamar, um novo centro de distribuição em São Paulo e a construção do Ecoparque, no município de Benevides, no Pará.Assim como esses outros projetos, o novo centro é mais uma iniciativa para preparar um novo ciclo de desenvolvimento da Natura, disse Roberto Lima, presidente da Natura, aoBrasil Econômico. O hub foi construído com o que há de mais moderno em tecnologia e para que possamos ter um uso mais eficiente e inteligente dos recursos de logística, com menor emissão de carbono e tempos recorde de distribuição, acrescentou.
Instalado em uma área de 35 mil metros quadrados, o centro entrou em operação em maio e a expectativa é que até o fim do mês esteja operando com 100% do seu volume instalado. Desde novembro, a Natura vem transferindo gradativamente as operações de armazenamento e distribuição que até então estavam concentradas em um centro localizado em Jundiaí e operado pela FM Logistics. O hub funciona como uma ponte entre as fábricas e os centros de distribuição da companhia, bem como dos produtos de 40 parceiros. O centro será o nosso coração logístico. Hoje, quase 90% do que a Natura vende já passa pelo hub e está num raio de menos de 50 quilômetros das nossas fábricas, disse Josie Peressinoto Romero, vice-presidente de Operações e Logística da Natura. Todo o projeto foi pensado para trazer melhorias do serviço na ponta, para as consultoras e consumidores, e para reduzir o impacto ambiental, afirmou.
A tecnologia e a automatização são os grandes componentes por trás do projeto. Duas iniciativas se destacam nessas frentes. A primeira delas é o fato da estrutura comportar um modelo misto de armazenamento, que combina caixas e pallets, ao contrário dos centros tradicionais, baseados estritamente em pallets. Todos os processos de recebimento, armazenamento e expedição são controlados por um software de gestão de armazéns, que armazena e endereça automaticamente os produtos em estoque.
A partir dessas soluções adotadas apenas em outros dois hubs no mundo, na Suíça e na Austrália , é possível montar tanto cargas a granel como cargas em pallets, com maior rapidez e volume do que no processo tradicional, e com menor emissão de carbono. Com essas tecnologias, conseguimos montar cargas extremamente customizadas e fracionadas, de diferentes produtos. Antes, tínhamos que enviar um pallet inteiro do mesmo produto, observou Josie.
Segundo a executiva, uma carreta com carga a granel economiza 40% de espaço e reduz, na mesma medida, a emissão de carbono se comparada ao processo tradicional. Com essa estrutura, disse Josie, a Natura vai conseguir girar o estoque três vezes mais rápido do que acontecia no centro de Jundiaí. Nossa estimativa é obter uma economia de 50% nos custos de armazenagem, afirmou.
A segunda iniciativa é fruto de um projeto em parceria com a holandesa Ancra Systems e a brasileira Coopercarga. A solução envolve uma carreta que permite carregar e descarregar uma carga de maneira totalmente automatizada, sem nenhuma intervenção humana. Com essa tecnologia, os processos de retirada e expedição são realizados em menos de cinco minutos. Inicialmente, a Natura está operando com uma carreta desse porte, no circuito que liga a fábrica de Cajamar ao hub e posteriormente ao centro de distribuição da empresa em São Paulo. Em breve, a empresa planeja colocar outras duas carretas em operação.
A nova estrutura servirá de base para o envio de produtos da Natura aos oito centros de distribuição da companhia no Brasil, bem como às seis unidades de distribuição instaladas na Argentina, Peru, México, Colômbia, Chile e França. Entre outras questões, o fato de Itupeva ser hoje um polo logístico de São Paulo pesou para a escolha do município como sede do projeto. Estamos a uma distância inteligente do Porto de Santos e somos vizinhos de Viracopos, além de estarmos próximos do complexo rodoviários Anhanguera/Bandeirantes, explicou Josie.
Com o projeto, a Natura vai gerar 180 empregos diretos e indiretos, grande parte deles formada por mão de obra altamente especializada, em virtude da tecnologia envolvida na operação.
O investimento em logística é uma das pontas da estratégia da Natura para recuperar terreno no mercado brasileiro, em meio a fatores como o aumento da competição com a entrada de novas marcas multinacionais no país e a aposta de empresas como O Boticário no formato de vendas diretas. Entre outras iniciativas, a Natura vem investindo fortemente em tecnologia e na migração de seus negócios para os canais digitais. Um dos destaques nessa frente é a Rede Natura, plataforma de comércio eletrônico que associa necessariamente qualquer venda a uma consultora, como uma maneira de não canibalizar o modelo responsável pelo crescimento da empresa.
Após dois pilotos no interior de São Paulo, em 2014, a Rede Natura será estendida a todo o Brasil durante esse ano. O canal também está sendo usado para testar a venda de novos itens no portfólio, especialmente de moda e decoração, produzidos por parceiros.
Brasil Econômico on-line – SP