25/03/2015 às 05h00
Por Roseli Loturco | Para o Valor, de São Paulo
Crescer rumo ao interior. Este parece ser o novo mantra do mundo das franquias. Além de grandes capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte, surgem também cidades como Campinas, Guarulhos, São Gonçalo, Niterói e Uberlândia dentre os 173 municípios interioranos que estão listados entre os 200 melhores mercados para expansão de nove modalidades diferentes deste tipo de negócio em todo o país. É o que atesta pesquisa feita pela Rizzo Franchise, que está em sua 26ª edição, e tabulou dados sobre o potencial de consumo e demanda de bens, serviços e alimentação com base no Censo Demográfico do IBGE. O IPC Target (índice potencial de consumo) identificou onde há oportunidades e graduou as opções de 1 a 3, sendo três as que oferecem ótimas condições. As linhas classificatórias se deram em cidades com mais de 150 mil habitantes e que ainda não apresentam oferta de negócios suficiente para atender o aumento de consumo local. Além do mapeamento, a pesquisa elaborou um ranking com os melhores setores e ramos de atividades para instalação de negócios dentro de cada cidade. É possível identificar quais as melhores localidades para um restaurante, uma escola ou até mesmo uma concessionária de veículos. “Quando começamos este estudo avaliávamos cem melhores cidades. Mas de cinco anos para cá resolvemos dobrar a análise, pois entendemos que muitas dessas localidades cresceram e criaram densidade populacional”, avalia Marcus Rizzo, sócio da consultoria Rizzo Franchise. Ele observa que ainda há um grande número de municípios que têm espaço para instalação de uma franquia, mas que não estão sendo atendidos. Ao analisar setores como vestuário e acessórios, alimentação, educação, automotivo, construção, hotelaria, infantil, livraria, saúde e beleza, o resultado da pesquisa se deparou com algumas surpresas. “Eu entendia que setores como o de ensino e treinamento estavam saturados, mas a pesquisa mostrou que não. Pelo contrário. Com o aumento de renda da população mais carente nos últimos 12 anos, houve também aumento da procura nesta área.” Com o setor de alimentação fora de casa aconteceu o mesmo e hoje apresenta, segundo o ranking, de boas a ótimas oportunidades em cidades como Maceió, Fortaleza, Brasília, Goiânia, Salvador e Belo Horizonte, entre outras. “Goiânia tem uma particularidade. Apesar de ser uma cidade isolada, é grande e se renova em função do desenvolvimento da população, reflexo, muitas vezes, do agronegócio”, avalia Rizzo. Muito longe da coincidência, os planos de expansão das franquias vão na mesma direção da dos shopping centers. Dos 26 centros comerciais previstos para inaugurar este ano, 12 serão em municípios do interior. Dos 522 shoppings existentes em todo o país, 51% estão fora das capitais. “Já fizemos duas inaugurações este ano. Shopping Serrinha, na cidade de Serrinha, na Bahia e o Itaboraí Plaza, em Itaboraí (RJ). As duas cidades têm menos de 500 mil habitantes”, afirma Glauco Humai, presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers. O shopping é um dos lugares mais procurados pelas franquias para a abertura de suas unidades. Embora os pontos comerciais sejam mais caros, o shopping atrai um número mais expressivo de pessoas pelo que representa em seu conjunto de serviços, entretenimento, alimentação e comércio reunidos em um mesmo lugar. Pesquisa realizada pela Abrasce em parceria com a Associação Brasileira de Franchising mostra que as franquias representam 34% do total de lojas destes empreendimentos. No setor de alimentação, este número sobe para 57%. Seguido por brinquedos (40,3%)& 894; calçados e acessórios (37%) e casa e construção (29,6%). “As franquias de serviços também aparecem fortemente e representam 43,5% dos casos estudados”, afirma André Friedheim, diretor da ABF. O setor, que possui 2.942 marcas com 125.641 unidades, cresceu 7,6% no ano passado e faturou R$ 127,33 bilhões.
Valor Econômico – SP