28/01/2015
Gustavo Schifino
Presidente da CDL Porto Alegre
Marketplace é o que conhecemos por shopping virtual. Aquele lugar onde encontramos as prateleiras infinitas (ou infinite shelves no idioma que as criou). Os marketplaces mais conhecidos do mundo são a Amazon e o Alibaba, no Brasil, Rakuten e Mercado Livre. Muitos deles não têm sequer uma prateleira física: são onde as empresas colocam suas ofertas para os consumidores em geral. Diferentemente de um shopping físico, onde seu produto acaba sendo comparado com o de um ou outro lojista, onde o atendimento, a assistência, o preço e o ambiente entram como fator de escolha, no Marketplace existem centenas de ofertas do mesmo produto, e o cliente acaba levado a uma escolha econômica, de preço, prazo e frete.
O custo para estar no shopping físico ou no digital muda pouco. No digital, o aluguel varia de 7% a 12% e, no físico, de 10% a 15%. Mas a condição de parcelar em 10 vezes e o frete grátis são características do digital que oneram a operação, por vezes de forma mais significativa que o custo de equipe. Assim, os marketplaces são um risco para o varejo tradicional, pressionado a margens menores e custos maiores, o que inverte uma lógica em que se acreditava que o on-line traria menos custos. O que não se considerou, na época, foi a necessidade do investimento nos marketplaces, que estão para os lojistas muitas vezes como o Coliseu para os romanos.
A kriptonita são as redes sociais e o google search, que podem trazer uma alternativa aos lojistas para alavancarem sua participação nas vendas pela web. Também é fato que a Amazon, que pretende ser uma loja mundial completa, é deficitária e pretende com seu marketplace reverter esse quadro. Ou seja, criou sua participação no mercado sustentando prejuízos vultuosos e agora se oferece como uma opção para vender no on-line, cobrando 10% da venda, tendo 7% como resultado. Isso já representa 55% das suas vendas, e a maioria do que comercializa não sai de seus depósitos. E o mesmo irá acontecer no Brasil. Portanto, é hora de identificarmos o tamanho do leão, antes de tomarmos nossas decisões de participação on-line.
Jornal do Comércio on-line – RS