09/12/2014 às 05h00
Por Cibelle Bouças | De São Paulo
Após uma incursão malsucedida no país entre 2007 e 2009, a grife americana Guess completa um ano no país na nova gestão e planeja uma expansão acelerada a partir de 2015 com a abertura de lojas de franquia.
A subsidiária brasileira, que é gerida pelos irmãos André Hering e Thomaz Hering, completou um ano de operação em novembro, com quatro lojas próprias, em São Paulo e no Rio de Janeiro. No último fim de semana, a empresa inaugurou a primeira unidade de franquia, no Mooca Plaza Shopping, em São Paulo.
“O plano de expansão para 2015 ainda depende de alguns alinhamentos com a matriz, mas já está definido que o modelo de franquias será nossa principal alavanca de crescimento no varejo brasileiro”, afirmou André Hering, presidente da Guess Brasil.
A meta de longo prazo é chegar a 45 lojas no país até 2018. Para o primeiro trimestre do ano que vem, a Guess confirmou a abertura de três unidades de franquia, sendo uma em Fortaleza e outra em Curitiba. O terceiro local ainda é mantido em sigilo pela companhia.
Hering também disse que não está nos planos da Guess abrir mais lojas próprias nesse processo de expansão. “Os empreendedores locais trazem melhor resultado porque entendem as nuances da demanda na região em que atuam”, disse.
A Guess também tem como meta de longo prazo ampliar as parcerias com redes multimarcas para chegar a 1 mil pontos de venda até 2018. A companhia tem atualmente acordos com 200 redes multimarcas, com alcance de 700 lojas.
Thomaz Hering, sócio e diretor comercial da Guess Brasil, disse que o ano de 2014 foi difícil para a empresa e também para o setor de vestuário no país. “O setor como um todo tem apresentado resultados abaixo do esperado, devido a fatores como inflação alta, elevação nos custos de produção e baixa confiança dos consumidores. Mas há um entendimento de que o país apresenta boas oportunidades de crescimento no longo prazo”, afirmou.
A Guess não divulga informações financeiras sobre a operação no Brasil. Na semana passada, a companhia publicou seus resultados globais do terceiro trimestre fiscal, concluído em 1º de novembro.
Nos nove primeiros meses do ano fiscal de 2014, a Guess registrou uma queda de 4,5% na receita líquida global, para US$ 1,72 bilhão. O lucro líquido teve redução de 52%, para US$ 41,6 milhões. O resultado foi afetado pela demanda mais fraca nos Estados Unidos, na Europa e Ásia e por perdas na conversão da receita fora dos Estados Unidos e da Europa para o dólar.
A Guess adotou uma estratégia diferente em sua segunda investida no Brasil. A companhia optou pela fabricação local, com adaptação da modelagem das roupas ao corpo das brasileiras.
A produção no país permitiu à companhia oferecer preços mais baixos pelos seus produtos. As calças jeans são encontradas a partir de R$ 180. André Hering disse que a empresa busca oferecer produtos no Brasil a preços similares aos praticados nos Estados Unidos.
“A diferença máxima chega a 15% [a mais no Brasil], o que é uma variação razoável e não inibe a compra localmente”, disse.
Na primeira tentativa de vir para o país, com outros parceiros, a Guess optou por importar todos os produtos. Devido aos custos de importação, os jeans eram vendidos no Brasil por, no mínimo, R$ 500.
Entre 2007 e 2009, a Guess chegou a abrir três lojas no país, incluindo uma unidade de 200 metros quadrados na Oscar Freire, no bairro dos Jardins, em São Paulo. Mas o negócio foi encerrado em 2009.
Na operação atual, André, Thomaz e Thiago Hering (filhos do presidente da Hering, Fábio Hering), são sócios da Guess Brasil com 40% de participação, por meio da HRG3. A americana Guess detém os outros 60%. Os sócios ressaltaram que a operação não tem nenhuma relação com a Cia. Hering. Os herdeiros de Fábio Hering estão impedidos de trabalhar na companhia da família devido a regras de governança corporativa.
Valor Econômico – SP