15/11/2014 | 15h46
Claudine Nunes
claudine.nunes@an.com.br
A expansão econômica da região Norte já se reflete no varejo de Joinville, que está se fortalecendo com a chegada de marcas desejadas no mercado nacional e internacional. Somente em 2014, a cidade passou a contar com revendas de carros de luxo da Mercedes e da BMW, uma loja da cobiçada Apple e unidades das marcas infantis Alô Bebê e Ri Happy, da esportiva Decathon, além das tradicionais Le Postiche e Riachuelo, esta última com inauguração marcada para o dia 27. Até uma pequena franquia da Disney tem lugar no bom momento do setor.
O perfil do consumo de varejo mudou muito. A cidade cresce rápido com a chegada à região de indústrias como a fabricante de barcos Brunswick e de automóveis GM e BMW. O momento é bom na indústria e no serviço. Isto significa muita gente vindo de fora, pessoas que chegam de grandes centros e buscam pelas marcas que elas já conhecem do local de origem afirma o superintendente do Garten Shopping, Michael Domingues.
O diretor comercial da concessionária BMW Top Car, Paulo Albuquerque, observa que em Joinville a renda per capita vem mudando e atraindo um novo tipo de consumidor: o executivo.
Este público viaja, tem acesso a informações e outras experiências, e vai exigir isso. Mas pode ser que ele não tenha num período curto o que tinha no Rio de Janeiro ou em São Paulo afirma Albuquerque, que vê Joinville repetir um fenômeno nacional o brasileiro ficou muito tempo com o consumo reprimido, e agora as regiões metropolitanas começaram a querer gastar.
Se comparar a economia de Joinville com as de Curitiba e Porto Alegre dez anos atrás e hoje, a distância diminuiu, e isto acaba refletindo no varejo afirma Germano Grings, vice-presidente de atacado e varejo do Grupo Herval, dono da rede My Store, que vende os produtos da Apple.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Joinville, Carlos Grendene, acredita que a vinda de novas marcas deve continuar porque a presença de empresas importantes sinaliza a empreendedores que o mercado tem potencial e eles se sentem atraídos a investir também. Mas para saber se o investimento valeu a pena, é preciso esperar dois anos, tempo necessário para o amadurecimento do negócio.
Para a superintendente do Shopping Mueller, Aurea Pirmann, os movimentos da cidade convergem para a expansão do varejo. Ela aponta como promissores segmentos que envolvam desejo, soluções, experiências e entretenimento, com destaque para eletrônicos, serviços e moda voltados para o comportamento. A ascensão do JEC para Série A, segundo ela, também movimentará toda a economia da cidade.
Grifes e clientes com alto poder aquisitivo
O varejo de Joinville tem recebido diversas marcas novas, algumas voltadas para consumidores de alto poder aquisitivo, sejam eles moradores antigos ou os novos joinvilenses, como são chamados os profissionais que chegam para trabalhar nas grandes empresas da região.
Toda esta movimentação começa a mexer com a cultura da cidade. Antigamente, havia até um certo glamour em comprar artigos em outras praças. A tendência é de que isso fique para trás à medida que o varejo local atenda à necessidade dos clientes mais exigentes.
O público do segmento premium quer ser atendido com todas as regalias e conforto, condizentes com o que ele está pagando e com o que o produto merece. Não quer se expor na estrada para ir até Curitiba. Prefere o atendimento no conforto do escritório ou de sua casa. As marcas que não têm representação física na cidade acabam não tendo expressividade explica o diretor comercial da revenda da BMW em Joinville, Paulo Albuquerque.
A expansão de marcas em Joinville deve tornar os desafios mais visíveis e promover mudanças no mercado. O diretor comercial da rede Le Postiche, José Carlos Figueiredo, prevê uma exigência maior pela qualidade no atendimento do comércio em geral.
Para ele, o varejo local ainda não apresenta excelência no atendimento, mas o avanço econômico da cidade e novas referências vão fazer com que o consumidor busque um serviço de melhor qualidade e forçará o empreendedor a partir para especialização, diante da concorrência pela melhor experiência do público.
O consumidor vai querer entrar em ambiente acolhedor, com mix adequado, serviços e preços justos. O atendimento será um divisor de águas no ano que vem. Vai exigir mais do lojista, e quem não fizer a lição de casa vai ter dificuldade. Alguns vão falar de recessão e outros de vendas espetaculares analisa.
Junto com o desenvolvimento profissional, a busca e a retenção dos trabalhadores continuam sendo questões importantes a serem superadas. O superintendente do Garten Shopping, Michael Domingues, diz que 40% das 195 operações do estabelecimento estão com placa de contratação.
A questão principal, segundo ele, é que em Joinville a atividade de vendedor não é vista como profissão, mas como bico. Para ele, lojistas e associações empresariais devem trabalhar de forma articulada para aumentar a atratividade na carreira do comércio.
A famosa barriga no balcão é a atividade mais difícil de preencher afirma Domingues.
Le Postiche
Volta após mudança de cenário
Uma das principais redes de bolsas, malas e acessórios de viagem do Brasil voltou a ter sua marca no comércio de Joinville. Por quase um ano, a Le Postiche ficou fora do mercado local por questões internas de licenciamento. Mas o cenário também mudou.
Nos últimos anos, a empresa direcionou os investimentos para as regiões Sudeste e Nordeste, esta última, em especial, devido ao crescimento acelerado, com a abertura de muitos shoppings centers, o que fez a rede priorizar a presença nesses novos espaços. Agora, o planejamento estratégico está voltado para Santa Catarina, e o crescimento terá como base o município de Joinville, onde os planos incluem a abertura de três operações no prazo de dois anos.
Há algum tempo observamos as empresas se instalando na região, os voos, o número gigante de executivos indo para Joinville e de pessoas que chegam como força adicional de trabalho diz o diretor comercial da rede Le Postiche, José Carlos Figueiredo.
Disney
Joinville precisava de uma loja assim
Uma é bioquímica. A outra, dentista. Neste ano, as irmãs joinvilenses Andressa (E) e Andréia Gabriel decidiram rever objetivos de vida e as carreiras construídas na área da saúde. Em junho, partiram para São Paulo em busca de inspiração em uma feira de franquias. Não tiveram dúvidas. Tornaram-se sócias e abriram, em outubro, a primeira franquia da Disney em Joinville, a Loja Fantasia, no Shopping Mueller. Em Santa Catarina, esta é a segunda franquia da marca a outra fica em Balneário Camboriú.
Joinville precisava de uma loja assim. Isso é o que mais escuto dos clientes diz Andressa.
Os preços dos produtos variam de R$ 6,90 a R$ 600, e tanto homens e mulheres adultos quanto crianças frequentam a loja. A dupla viaja no início do ano que vem para participar de um treinamento na franqueadora, em Orlando. Animadas, já sonham em abrir uma segunda franquia da marca.
Apple
Mercado da cidade já era conhecido
O grupo que é dono da primeira revendedora da Apple em Joinville já comercializava produtos HP na cidade, portanto, a abertura da loja My Store no Garten Shopping não traz qualquer insegurança. A cidade já era um mercado conhecido.
Já queríamos ter aberto a loja antes, mas por questões de negociação, demorou um pouco. Temos uma expectativa muito boa, de talvez ser a melhor do Sul do Brasil afirma Germano Grings, vice-presidente do Grupo Herval, dono da rede My Store, que comercializa os produtos da Apple.
Segundo ele, a tendência das marcas é estar mais próximas dos clientes, e o Brasil é uma economia importante, que tem muito a crescer. Joinville, reforça, é um polo industrial, com emprego e uma forte classe média alta.
Qualquer marca quer estar presente em um mercado assim, e o fato de a BMW estar perto da cidade, além de outras grandes empresas, acaba chamando a atenção do varejo para colocação de seus produtos complementa.
Em Joinville, o grupo espera crescer de 20% a 50% em 2014, conforme o segmento de atuação.
BMW
Concessionária mais moderna do País
A concessionária BMW Top Car abriu as portas em Joinville em setembro. A loja é a mais moderna do País, diz o diretor comercial Paulo Albuquerque. Normalmente, o carro elétrico da marca, o BMW i3, só é comercializado em concessionárias de cidades onde há no mínimo um milhão de habitantes, mas em Joinville o produto também está disponível para os clientes. O Grupo Top Car já tinha revendas da BMW em Florianópolis e Blumenau e uma carteira de clientes no município do Norte.
Aqui, atendemos a um perfil executivo, de profissional liberal, que presta serviço para grandes companhias e que apresenta características diferentes das que atendemos em outros lugares. É um consumidor informado, que quer ser encantado e ter segurança do produto e da estrutura oferecida para ele diz Albuquerque.
O Grupo Top Car também trabalha com outras marcas, como Land Rover e Jaguar.
Mercedes
Expansão do Norte justifica filial
O Grupo DVA, representante exclusivo dos carros de luxo Mercedes-Benz em Santa Catarina, inaugurou a primeira concessionária em Joinville no mês de maio. A unidade disponibiliza modelos da Mercedes-Benz e minicarros Smart.
Na inauguração, o diretor do grupo, Paulo Toniolo Júnior, destacou que a economia em crescimento na região Norte do Estado justificava uma filial, que foi reforçada pela decisão da Mercedes-Benz de fabricar novamente no Brasil, inclusive aumentando e diversificando a linha de produtos. Esta é a quarta unidade em Santa Catarina.
A NOTÍCIA
A Notícia (Joinville) – SC