Em parceria com o HSBC e o CDP, maior varejista do mundo oferece crédito barato para quem tiver metas ambiciosas de descarbonização
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O Walmart já tinha sido pioneiro com o “Projeto Gigaton”, uma iniciativa anunciada quatro anos atrás para medir e cortar uma gigatonelada das emissões de carbono de sua cadeia de suprimentos, que foi abraçada pelos maiores fornecedores.
Agora, a maior rede varejista do mundo vai ajudar os fornecedores de menor porte nas suas jornadas de descarbonização.
Em parceria com o banco HSBC e o Carbon Disclosure Project, o gigante americano, que deixou o Brasil em 2018, vai oferecer um programa de financiamento de transformações com foco em ESG.
O banco britânico vai criar linhas de crédito e outras facilidades para as empresas, tudo lastreado nas diretrizes científicas do CDP, uma entidade que analisa as promessas climáticas de grandes empresas e governos.
Os primeiros beneficiários do programa serão empresas pequenas e médias que fornecem produtos das marcas próprias do Walmart.
O Projeto Gigaton já conta com mais de 3.000 participantes, mas no geral são companhias grandes. As menores têm dificuldade com a parte técnica de entender seu impacto climático e também com o acesso a capital.
“Grandes corporações devem suplementar os padrões [exigidos dos fornecedores] com esforços para co-investir e oferecer liquidez por meio de finanças de cadeia de suprimento, além de compartilhar conhecimento e ajudar na propagação das inovações”, diz um estudo do HSBC e do Boston Consulting Group mencionado no comunicado do Walmart.
A complexidade do escopo 3
Como a maioria das empresas, o grosso das emissões associadas ao Walmart estão além do seu controle – é o chamado escopo 3. No caso do varejo, trata-se de fornecedores e consumidores.
O trabalho do CDP com os fornecedores do varejista já ajudaram a cortar 619 milhões de toneladas de gases de efeito estufa no ano passado.
Para envolver as empresas menores, o Walmart vai antecipar o pagamento de faturas caso as companhias alcancem certos parâmetros estabelecidos pelo CDP.
E aquelas que definirem as metas mais agressivas de descarbonização receberão as melhores condições de financiamento.
“Metas mais ambiciosas para reduzir as emissões de escopo 3 são cruciais para que se atinja a meta do Acordo de Paris” de limitar o aquecimento global a 1,5º C, afirmou em comunicado Dexter Galvin, responsável pela área de cadeia de suprimentos do CDP.
No Brasil, a Mauá Capital desenhou um programa semelhante para permitir que grandes empresas possam induzir a transformação de seus parceiros.
Um dos primeiros projetos envolve pequenos produtores ou cooperativas que vendem para a Natura. Os fornecedores se comprometem com metas de preservação de florestas para ter mais acesso a crédito.
Fonte: Capital Reset