Com um olho na porta de entrada e outro na caixa registradora, os varejistas vivem dias agitados. O movimento nas lojas nem sempre se traduz em alta de faturamento e ainda há a possibilidade de em vez de clientes, chegarem ladrões, tornando a falta de segurança pública um item a mais na lista de preocupações do setor. Acostumados às oscilações do mercado, os empresários tentam não se contaminar com o cenário de incertezas e tocam seus projetos como é possível. “As empresas que se prepararam para a crise estão com oportunidades de atravessar melhor a situação. Nós procuramos estar preparados para qualquer crise”, afirma o presidente das Lojas Lebes, Otelmo Drebes.
A fórmula para enfrentar períodos de turbulência é simples. “Trabalhamos sempre com custos baixos, com endividamento pequeno, sem dar passos excessivos, sem fazer investimentos que exigissem o retorno muito alto e rápido. Desta maneira, estamos preparados para enfrentar períodos mais difíceis. Atualmente, continuamos treinando os funcionários, mantendo a equipe para que quando passar esta crise (e ela vai passar em algum momento) estaremos prontos para a retomada da normalidade do consumo”, diz Drebes. Segundo ele, a Lebes manteve o percentual de venda de 2015 em relação ao ano anterior e trabalha muito para manter também o mesmo nível de venda este ano, com o número maior de pontos de venda.
O presidente das Lojas Riachuelo, Flávio Rocha, também considera que “não se pode dimensionar a empresa para a crise”. Ele lembra que o varejo teve a sua década de ouro até 2013 e depois começou outra fase. Apenas em 2015 houve o fechamento de cerca de 100 mil lojas no Brasil e 181 mil empregos foram reduzidos, mas ele acredita que passado o turbilhão, a recuperação será rápida e “o próximo ciclo será protagonizado pela empresa privada” com o fortalecimento do binômio democracia e livre mercado.
O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS), Vitor Koch, contabiliza uma queda de mais de 13% no varejo gaúcho no ano passado e apenas nos primeiros dois meses de 2016 foram registradas 5.500 dispensas. Mas ele espera que agora ocorra uma estabilização.
A superintendente das Lojas Pompéia, Carmem Ferrão, acredita em crescimento de vendas e tem um argumento de quem entende do ramo: “em momentos mais difíceis a moda funciona como um item de satisfação”. Ela considera que os clientes não perderam o hábito da compra, mas o consumo está mais criterioso e consciente. Carmem acrescenta que a fidelização conquistada ao longo dos anos também costuma funcionar nesses momentos de incerteza.
O comportamento das vendas para o Dia das Mães demonstrou que comemoração e frio continuam fazendo uma boa combinação. Pela projeção do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre (Sindilojas Porto Alegre) e da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL/POA), as vendas tiveram crescimento nominal de 14% e real de 3,6% em relação ao mesmo período de 2015. A estimativa é de que a data tenha registrado uma movimentação financeira de R$ 86 milhões em Porto Alegre e o ticket médio do presente ficou em R$ 200,00.
Shopping centers começam a sinalizar com início de recuperação
Embora o fluxo de visitantes nos shopping centers do País tenha apresentado uma queda de 5,51% em abril na comparação com o mesmo mês do ano passado, os centros de compras começam a dar sinais de recuperação. Na comparação com março de 2016, o crescimento de abril foi de 10,47%. Este foi o segundo aumento consecutivo na comparação mês a mês – de fevereiro para março o fluxo de visitantes já havia subido 28%. Mas no acumulado do ano, a queda é de 4,98% em relação a 2015, de acordo com o índice IVSC (Índice de Visitas a Shopping Centers), realizado pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) em parceria com a FX Flow Intelligence.
Em Porto Alegre, a inauguração da expansão do Shopping Iguatemi, no dia 27 de abril, foi a boa notícia do setor. Entre as novidades são destaque a ampliação do serviço de Wi-Fi livre, mil novas vagas de estacionamento e um total de 373 operações, sete restaurantes – três deles com área externa -, seis salas de cinema e duas praças de alimentação, com capacidade para 1.600 pessoas. A expectativa é receber, em média, 2 milhões de pessoas por mês após a expansão, um aumento de fluxo de 20%. Com a vinda das novas lojas, as vendas devem aumentar em 15%. A área bruta locável do shopping passa de 39.300m² para 64.606m², o que representa um crescimento de 65%.
Entre as operações exclusivas do Iguatemi estão Zara Home, Lego, Souq e Madero Steak House. Para atrair ainda mais clientes, durante todo o ano, o shopping irá promover experiências para os seus visitantes por meio de feiras, exposições de arte e eventos de moda. O novo projeto arquitetônico valoriza a iluminação natural, seguindo a tendência de shoppings internacionais. O novo Iguatemi também quer tornar-se também um centro de negócios contemporâneo com a inauguração da torre comercial de 14 andares e escritórios boutique no quarto pavimento, com vista interna para o shopping.