Segundo o IBGE, vendas no varejo restrito recuaram 1,7% sobre maio e subiram 6,3% na comparação anual; semestre fecha com alta de 6,7%
Por Lucianne Carneiro
O volume de vendas no varejo restrito caiu 1,7% em junho, frente a maio, na série com ajuste sazonal, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.
Houve duas revisões importantes na série com ajuste sazonal. A alta de maio frente a abril, que tinha sido de 1,4%, foi revista para 2,7%. Já a variação de abril frente a março foi revista de 4,9% para 2,5%.
Na comparação com junho de 2020, o varejo restrito avançou 6,3%. O comércio restrito acumula alta de 5,9% no resultado acumulado em 12 meses e de 6,7% no primeiro semestre de 2021.
O resultado de junho ante maio veio bem menor que a mediana estimada pelo Valor Data, apurada junto a 29 consultorias e instituições financeiras, que era de aumento de 0,7%. O intervalo das projeções para o varejo restrito era de -0,9% e +2%. A alta de 6,3% ante junho de 2020 foi também menor que a esperada. A expectativa mediana era de variação de +9%.
A receita nominal do varejo restrito acumulou alta de 1,5% em junho, frente a maio. Na comparação com junho de 2020, houve alta de 20,2%.
No varejo ampliado, que inclui as vendas de veículos e motos, partes e peças, e material de construção, o volume de vendas caiu 2,3% na passagem entre maio e junho, já descontados os efeitos sazonais.
Os analistas de 25 bancos e consultorias esperavam queda de 1,8%. Na comparação com junho de 2020, o volume de vendas do varejo ampliado subiu 11,5%. A expectativa, pelo Valor Data, era de alta de 11,7%, também em função da base comparação fraca de maio de 2020.
Já a receita nominal do varejo ampliado recuou 1,3% em junho, frente a maio, na série com ajuste sazonal. Na comparação com junho de 2020, houve alta de 26,4%.
Comércio varejista avança 3%
O comércio varejista voltou a avançar no segundo trimestre de 2021, na série com ajuste sazonal, após o impacto mais forte para o funcionamento das atividades no primeiro trimestre em função da segunda onda da pandemia.
Os dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que houve alta de 3% do varejo no segundo trimestre, frente ao período imediatamente anterior, após recuo de 4,4% no primeiro trimestre.
“Há um desempenho mais positivo do comércio neste período mais recente frente às restrições do início do ano”, diz o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.
O impacto da segunda onda da pandemia, no entanto, foi inferior ao da primeira, visível nos dados do segundo trimestre de 2020. Entre abril e junho de 2020, as vendas recuaram 10,3% frente ao primeiro trimestre.
“No início da pandemia, houve uma certa homogeneidade das restrições, todas as capitais aderiram, foi mais marcada no tempo. Agora, em 2021, isso foi menos homogêneo, com restrições mais fortes em Manaus em janeiro e depois em outras capitais em fevereiro e março”, afirma.
No resultado do primeiro semestre de 2021, no entanto, é possível observar esse impacto da segunda onda da pandemia. Houve queda de 2,7% das vendas do varejo restrito – que não inclui automóveis nem material de construção – no período de janeiro a junho de 2021, frente ao segundo semestre de 2020. Entre julho e dezembro de 2020, o comércio havia registrado alta de 10,3% em relação ao primeiro semestre do ano.
Desempenho do varejo restrito no semestre (série com ajuste sazonal)
- 1º semestre 2020: -4,7%
- 2º semestre 2020: 10,3%
- 1º semestre 2021: -2,7%
Desempenho do varejo restrito no trimestre (série com ajuste sazonal)
- 1º trimestre 2020: -0,6%
- 2º trimestre 2020: -10,3%
- 3º trimestre 2020: 16,2%
- 4º trimestre 2020: 0,6%
- 1º trimestre 2021: -4,4%
- 2º trimestre 2021: 3,0%
Atividades
As vendas do comércio recuaram em cinco das oito atividades pesquisadas no varejo restrito, que não inclui automóveis e material de construção, em junho, frente a maio, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na média, o varejo caiu 1,7% na passagem entre maio e junho, a primeira queda após duas altas seguidas. Os dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgados nesta quarta-feira mostram ainda que, na comparação com junho de 2020, foram cinco das oito atividades com alta.
Na passagem entre maio e junho, os destaques negativos foram os segmentos de tecidos, vestuário e calçados (-3,6%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-3,5%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,6%), combustíveis e lubrificantes (-1,2%), e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,5%).
Por outro lado, registraram crescimento livros, jornais, revistas e papelaria (5,0%), móveis e eletrodomésticos (1,6%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,4%).
No varejo ampliado, que inclui automóveis e peças e material de construção, houve queda de 0,2% em veículos, motos, partes e peças e alta de 1,9% no material de construção.
Das 27 unidades da federação, 18 apresentaram queda no volume de vendas em junho, em relação a maio, com destaque para Amapá (-16,7%), Rio Grande do Sul (-5,1%) e Mato Grosso do Sul (-4,0%). Por outro lado, entre as altas, estão Ceará (2,5%), Espírito Santo (2,2%) e Pará (1,9%).
Frente a junho de 2020, houve expansão no volume de vendas em 23 das 27 unidades da federação. Chamam atenção os resultados de Amapá (29,1%), Piauí (21,4%) e Acre (19,0%). Por outro lado, pressionando negativamente, figuram quatro das 27 Unidades da Federação, com destaque para: Tocantins (-19,1%), Amazonas (-4,5%) e Mato Grosso (-1,5%).
Supermercados
Depois de alta de 1% em maio, as vendas de hipermercados e supermercados voltaram a cair em junho, com recuo de 0,5%, frente a maio, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC).
Após um ano de 2020 com forte desempenho em função da pandemia, já que é o setor é atividade essencial e não teve restrições para funcionamento e ainda viu a demanda avançar, hipermercados e supermercados vêm registrando um desempenho mais desigual em 2021. O mês de janeiro foi de queda (-1,8%), seguido por altas em fevereiro (0,8%) e março (3,3%), recuo em abril (-1,6%) e nova alta em maio (1%).
Na passagem de maio para junho, há uma tendência diferente entre o volume de vendas (com queda de 0,5%) e a receita (com alta de 0,9%), sugerindo impacto da inflação nos resultados. Com alta dos preços, as famílias tendem a reduzir o volume de compras para tentar adequar os gastos ao orçamento doméstico.
Em junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação no país, teve alta de 0,53%. No dado mais recente, que já inclui o mês de julho, a inflação acumulada no país em 2021 é de 4,76%.
Na comparação com junho de 2020, as vendas de hipermercados e supermercados tiveram recuo de 3%, a quinta taxa negativa seguida nesta base de comparação. Gerente da PMC, Cristiano Santos explica que isso reflete o bom desempenho do setor no início da pandemia.
“O setor teve um ano de 2020, especialmente o primeiro semestre, com um crescimento bastante intenso. E isso fez com que os cinco últimos meses no interanual viessem negativo, tem a ver com a base de comparação”, explica ele.
Fonte: Valor Invest