As perdas diretas impostas ao comércio pela crise provocada pelo novo coronavírus chegaram a um volume de R$ 124,7 bilhões. Esse valor que o setor deixou de ganhar em sete semanas, no período mais agudo do avanço da covid-19 (entre 15 de março e 2 de maio), representa um corte de 56% no faturamento do varejo em período anterior à pandemia, no ano.
As estimativas foram divulgadas hoje pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Ainda de acordo com a CNC, a crise pode eliminar cerca de 2,4 milhões de postos formais de trabalho no varejo em três meses.
Entretanto, o ritmo da queda no faturamento do varejo pode estar mostrando menor intensidade. Na segunda semana após o início da pandemia, as perdas no setor atingiram R$ 23,03 bilhões. Na última semana pesquisada pela CNC (ou seja, até 2 de maio), o prejuízo diminuiu para R$ 18,04 bilhões.
Para economista da CNC responsável pelo trabalho, Fabio Bentes, a intensificação de estratégias alternativas, como e-commerce, m-commerce, vendas por aplicativos de redes sociais, serviços de delivery e drive-thru, contribuiu para frear as perdas. Mas outro fator que pode ter contribuído para o resultado é a menor adesão ao isolamento social: a movimentação de consumidores, que chegou a se aproximar de 70% no fim de março, encontra-se atualmente abaixo dos 44%. O dado é obtido por meio do rastreamento de celulares e foi compilado pela consultoria Inloco.
A CNC detalhou ainda as perdas por setores do varejo. Em termos de segmento, do início do surto no Brasil até 2 de maio, as perdas mais expressivas, cerca de R$ 111,61 bilhões, se concentraram no varejo especializado na venda dos chamados “itens não essenciais”, que ficaram mais restritos devido às políticas públicas de combate à covid-19.
As vendas de alimentos e medicamentos, por sua vez, experimentaram perdas nominais menores, no total de R$ 13,12 bilhões. Estas duas atividades respondem por 37% do varejo brasileiro, segundo a CNC.